Amazonas tem 4 cidades entre as 20 mais violentas da Amazônia Legal, aponta levantamento

Foto: Instituto Mãe Crioula, 2025.
Quatro cidades do Amazonas, sendo elas Rio Preto da Eva, Coari, Iranduba e Tabatinga, estão entre as 20 mais violentas da Amazônia Legal. Os dados fazem parte de um levantamento divulgado nesta quarta-feira (19/11) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que analisou informações coletadas entre novembro de 2024 e setembro de 2025. O estudo aponta o avanço e o domínio de facções criminosas como principal causa do aumento da violência.
A Amazônia Legal é formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Para estabelecer um ranking, os municípios foram divididos entre pequenos I (até 20 mil habitantes), pequenos II (entre 20 e 50 mil habitantes), médios (entre 50 e 100 mil habitantes) e grandes (acima de 100 mil habitantes).
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Segundo o FBSP, o Amazonas possui 62 municípios; em 21 deles há presença de pelo menos uma facção criminosa. Em quatro municípios, atuam duas ou mais organizações ao mesmo tempo. No total, 17 facções estão ativas no cenário amazônico, com destaque para o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), além de grupos regionais.

As organizações criminosas têm ampliado suas rotas e estratégias de transporte. Ainda conforme o levantamento, o CV domina o tráfico fluvial, especialmente no eixo do rio Solimões, ligado à produção de drogas no Peru e a cartéis colombianos. A droga é escoada para portos como Manaus, Santarém, Barcarena, Belém e Macapá, usando embarcações regionais, lanchas rápidas, submersíveis e “mulas” humanas.
O PCC, por sua vez, tem fortalecido o uso de rotas aéreas clandestinas, aproveitando pistas em áreas de garimpo ilegal e unidades de conservação. Já a rota oceânica via Suriname vem ganhando espaço no tráfico marítimo, conectando Amapá e Pará ao mercado internacional por meio de barcos de pesca e embarcações de pequeno porte.
Rio Preto da Eva
A cidade registrou a maior taxa média de violência letal (98,5) entre municípios de 20 a 50 mil habitantes entre 2022 e 2024. Apesar disso, o número de assassinatos caiu 40% em 2024, com 25 vítimas. A queda pode estar ligada ao fortalecimento do Comando Vermelho, que consolidou seu domínio na cidade.
Coari
A violência na região vai além das disputas entre facções. Além dos piratas dos rios, atuam os “ratos d’água”, grupos locais que atacam residências ribeirinhas, embarcações e comércios flutuantes. A presença desses criminosos mantém ribeirinhos e navegadores em permanente sensação de insegurança.
Iranduba
O município segue entre as cidades mais violentas na faixa de 50 a 100 mil habitantes, impulsionada pelos altos índices de mortes violentas em 2022 (62 vítimas) e 2023 (42 vítimas). Em 2024, houve queda para 15 assassinatos, redução de 76% em relação a 2022. O município tem atuação do Comando Vermelho e enfrenta ainda desmatamento ilegal, queimadas e conflitos fundiários.
Tabatinga
Tabatinga é uma das principais portas de entrada de drogas no país. Do município sai o fluxo para a Rota do Solimões, corredor fluvial que leva a droga produzida nos países andinos até Manaus, de onde é distribuída para o mercado nacional e internacional.
O relatório integra a 4ª edição do estudo Cartografias da Violência na Amazônia, realizado em parceria com o Instituto Clima e Sociedade, Instituto Itausa, Instituto Mãe Crioula e o Laboratório Interpretativo Laiv.






