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No Amazonas, partidos se organizam por grupos políticos e não por ideologia

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Comecemos por um exemplo simples: em Parintins, Brena Dianná, do União Brasil, apoiada pelo governador Wilson Lima, também é apoiada pelo PT, do presidente Lula. Se a ideologia definisse o caminho dos partidos políticos, uma coalização com UB e PT não se justificaria, entretanto, como a ideologia não é o fator preponderante, Parintins é apenas um exemplo do que acontece e acontecerá nos 62 municípios do Amazonas este ano.

Em 2022, o presidente Lula teve 82,56% dos votos em Parintins; que político desse município não iria querer um apoio desse peso eleitoral? Só quem não quer ganhar a eleição. Então pergunto: é a ideologia que define o jogo? É lógico que não. No Amazonas, essa questão de direita e esquerda nunca definiu os acordos políticos, e quem insiste nisso está completamente desconectado da realidade.

Vamos para outro exemplo. Aqui no Amazonas, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) do vice-presidente Geraldo Alckmin, é comandado pelo ex-deputado Serafim Corrêa, que é simplesmente secretario do governador de direita Wilson Lima (UB). Como que alguém explica isso do ponto de vista ideológico? E mais, aqui, o PSB, por consequência, está apoiando Roberto Cidade (UB) e não Marcelo Ramos (PT).

Observei essa semana muitos criticando o deputado Alberto Neto (PL) por apoiar em Parintins o vereador Mateus Assayag (PSD), por conta dele ter o apoio dos senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD); e que isso seria uma incoerência etc etc etc… entretanto, se ele optasse por Brena Dianná (UB), ele estaria com a candidata do Lula! E então? Não seria pior?

A explicação desse fenômeno está no fato da política amazonense se organizar por grupos políticos e não por ideologia; como os partidos se aliançam é uma consequência dos direcionamentos desses grupos. Em suma, voltando a Parintins, ninguém está preocupado se Brena Dianná e Matheus Assayag são de direita ou esquerda, isso nunca importou, e não definirá a eleição naquele município.

A disputa em Parintins será entre o grupo do governador Wilson Lima e o grupo dos senadores Eduardo Braga e Omar Aziz. É disso que se trata. O atual prefeito, Bi Garcia, é um histórico aliado do senador emedebista, e é questão de ímpar importância manter Parintins sob o comando deste grupo. Do mesmo modo, é questão de honra para o grupo de Wilson Lima tomar Parintins do senador Eduardo Braga.

Não tem a ver com o partido e muito menos com ideologia. Tem a ver com estratégia e a luta pelo poder. É simples assim.

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