Enquanto o Amazonas inteiro celebrava um dos maiores eventos culturais do Norte, a pré-candidata ao Governo do Estado, Maria do Carmo (PL), preferiu o isolamento: não foi ao Festival de Parintins, perdeu visibilidade e, pior, atacou quem esteve lá — incluindo o próprio partido.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Maria fez duras críticas aos políticos que compareceram ao festival, dizendo que foram “animados para camarotes de luxo, pagos pelo povo”, e que estavam “desconectados da realidade do sofrimento das famílias amazonenses”.
A crítica generalizada escancarou o que muitos já viam nos bastidores: Maria do Carmo se coloca em um pedestal moral, mas não dialoga com a base e não constrói pontes com quem está no jogo.
Sozinha e contra todos
Ao mirar nos camarotes, a pré-candidata atingiu não somente os membros do seu partido – Alberto Neto, Delegado Péricles, Rosses Capitão Carpê e Salazar – mas também autoridades como o ministro do STF Luís Roberto Barroso e o ministro Mauro Campbell; os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Hugo Motta e Davi Alcolumbre; os Senadores Eduardo Braga e Soraia Thronicke; o Govenador do Acre; o Governador e vice-governador do Amazonas; o presidente do União Brasil Antônio Rueda; além de Deputados Federais, Estaduais e Vereadores.
A fala causou desconforto com o meio político, além da da base do PL, que viu na postura de Maria uma tentativa de se projetar às custas dos outros.
Ignorar Parintins é um erro de cálculo grave para qualquer político que pretenda governar o Amazonas. O Festival é um dos maiores espetáculos culturais do mundo, um momento simbólico de conexão com o povo, com a cultura e com o interior — justamente as bases que Maria precisa conquistar. Em vez de marcar presença e se mostrar próxima da população, preferiu julgar de longe, como quem assiste à política pela janela.
Populismo isolado e sem proposta
O discurso contra “políticos em camarotes” pode até render curtidas entre os mais desavisados, mas não resiste a uma análise mínima de coerência. Maria não propôs nada. Não falou em como resolver os problemas de água e saneamento que usou como pano de fundo. Não apresentou projetos, metas ou soluções. Apenas atacou.
Maria do Carmo mostrou que pode ser rápida no julgamento, mas lenta na construção política. Sua ausência em Parintins foi uma oportunidade jogada fora — e sua crítica pública, um sinal de que não há articulação, nem estratégia.
Em uma pré-campanha em que presença, carisma e alianças contam mais do que moralismo vago, ela preferiu se isolar. E se o objetivo era parecer diferente, conseguiu: hoje, Maria do Carmo é a única pré-candidata que parece brigar com o próprio grupo antes mesmo da largada oficial.
Perdeu oportunidade de ter ficado calada.