O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou hoje, 16, que a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a compra de 19 toneladas de bistecas congeladas para indígenas no governo Jair Bolsonaro, que nunca teriam sido entregues. Essa carne tinha como destino as comunidades indígenas do Vale do Javari, no Amazonas.
O caso foi revelado por reportagens do jornal Estadão que mostraram compras suspeitas na Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) durante a pandemia de Covid-19.
Os contratos foram assinados no governo Bolsonaro entre 2020 e 2022 e seguem em vigor na atual gestão Lula.
Leia mais:
Com sinais de violência, mulher é encontrada morta em terra yanomami
Caso Bruno e Dom: Em audiência, dois dos três réus confessam crime
O não-recebimento da carne foi confirmada pelas lideranças indígenas. Mislene Metchacuna Martins Mendes, atual diretora de administração e gestão da Funai, que assinou o contrato de compra, admitiu desperdício de dinheiro público na aquisição.
As reportagens também denunciaram que a gestão passada desrespeitou recomendações técnicas da Funai e gastou R$ 4,4 milhões em sardinha e linguiça calabresa, para enviar à Terra Indigena Yanomami no meio de uma crise humanitária, mesmo tratando-se de alimentos não tradicionalmente consumidos pelos indígenas.
Além disso, sob a administração Bolsonaro também foi comprada carne de pescoço de frango a R$ 260 o quilo para envio a populações indígenas. Novamente, não há comprovação de que os alimentos foram entregues.
A Funai informou que está averiguando as compras.