Bernadete Pacífico, de 72 anos, também conhecida como Mãe Bernadete, liderança quilombola baiana e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), foi morta a tiros na noite desta quinta-feira, 17, dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, dois homens, usando capacetes, entraram no imóvel onde estava Bernadete na cidade de Simões Filho, e efetuaram disparos com arma de fogo.
O filho de Bernadete, Wellington dos Santos, disse em entrevista à TV:
“Minha família está sendo perseguida, meu irmão foi morto da mesma forma. Não vamos parar, quilombo sempre será resistência”.
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As investigações a respeito do crime já se iniciaram. O quilombo Pitanga dos Palmares, que era liderado por Bernadete, é responsável por uma associação onde mais de 120 agricultores produzem e vendem seus produtos. Cerca de 290 famílias vivem no local de 854 hectares. O quilombo foi certificado em 2004, mas ainda não teve o processo de titulação concluído.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, escreveu o seguinte sobre o crime em sua rede social:
“O ataque contra terreiros e o assassinato de lideranças religiosas de matriz africana não é pontual. O racismo religioso é mais uma faceta da conformação racista que estrutura o país e precisa ser combatido por meio de políticas públicas”.
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, também determinou o envio de uma equipe da pasta até o local do assassinato.
Outro filho de Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, foi assassinado há seis anos.
O presidente Lula também se pronunciou sobre o caso, e disse que aguarda “uma investigação rigorosa” do crime. Ele disse:
“Bernadete Pacífico foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Simões Filho e cobrava justiça pelo assassinato do seu filho, também um líder quilombola”.