A chegada dos imigrantes brasileiros deportados dos Estados Unidos, usando algemas, causou revolta e colocou mais lenha na fogueira em relação às deportações em massa que o governo Donald Trump vêm realizando em sua primeira semana de gestão.
Nesta sexta-feira, (24/1) os brasileiros que chegaram dos EUA relataram más condições e maus tratos durante o transporte. Embora a opinião pública tenha criticado ferozmente o presidente Trump, essa prática já ocorreu com outros presidentes americanos, apesar dos esforços diplomáticos brasileiros para dispensar o uso de algemas, especialmente em casos envolvendo famílias com crianças.
O voo com os deportados pousaria inicialmente no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG), mas precisou ser desviado para Manaus para reabastecimento. Durante a escala na capital amazonense, problemas técnicos na aeronave impediram a continuidade da viagem. Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte dos passageiros para Belo Horizonte.
De acordo com o Itamaraty, entre os 158 passageiros de diversas nacionalidades, 88 eram brasileiros. A Polícia Federal, seguindo ordens do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, retirou as algemas dos deportados assim que desembarcaram em Manaus, e providenciou assistência médica e alimentação.
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O Ministério da Justiça classificou o uso de algemas como “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros” e reforçou que a dignidade da pessoa humana é um princípio inegociável da Constituição Federal. O governo brasileiro solicitará explicações formais ao governo norte-americano sobre o ocorrido.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve em Manaus no sábado (25/1) para reunir-se com autoridades da Polícia Federal e do Comando Aéreo Regional, a fim de coletar informações sobre o caso. O Itamaraty pretende utilizar os dados apurados para embasar o pedido de esclarecimentos junto aos EUA.
Apesar dos pedidos reiterados do governo brasileiro para que os deportados sejam tratados de forma mais digna, o uso de algemas continua sendo uma prática habitual por parte das autoridades norte-americanas.
Em 2022, durante a gestão de Joe Biden, brasileiros deportados também chegaram ao país algemados, o que gerou um impasse diplomático entre os dois governos.O governo Lula tem reforçado a necessidade de respeito aos direitos humanos e buscará acordos para evitar situações semelhantes no futuro.
Os deportados seguiram para Belo Horizonte acompanhados por militares da FAB e agentes da Polícia Federal, recebendo apoio humanitário durante todo o trajeto.