O site Metrópoles divulgou hoje, 18, reportagem a respeito de empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que defendem abertamente um golpe de Estado caso o presidente perca as eleições de outubro para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esses empresários teriam trocado mensagens de teor autoritário em grupo de WhatsApp intitulado “Empresários e Política”, criado no ano passado.
O grupo reúne empresários de sucesso de várias partes do país, como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira do grupo Coco Bambu; José Isaac Péres, dono da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.
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No dia 31 de julho, iniciou-se a discussão de apoio a um golpe de estado, quando Koury escreveu: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”.
Ivan Wrobel, proprietário da W3 Engenharia, construtora com atividade no Rio de Janeiro, escreveu: “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”. O desfile a que se refere chegou até a ser anunciado por Bolsonaro para ocorrer no próximo 7 de setembro, mas desde então o prefeito Eduardo Paes já informou que não haverá nenhum ato em terra, apenas apresentações da Marinha e da Aeronáutica.
Já Morongo chegou a postar três mensagens consecutivas com teor extremista. Ele escreveu: “Golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”. Barreira, dono do Coco Bambu, respondeu com a figura de um boneco aplaudindo.
O empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa gaúcha especializada na venda de móveis de luxo, escreveu: “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.[Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”.
Outras mensagens trocadas no grupo envolvem ofensas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao ministro Alexandre de Moraes, fake news a respeito de urnas eletrônicas e ataques a pesquisas eleitorais.
Hoje, em evento em São José dos Campos (SP), o presidente Bolsonaro comentou a reportagem, chamando-a de “fake news”. Irritado, o presidente chegou a se exaltar com sua equipe: quando um integrante da comitiva se aproximou de Bolsonaro, ele reagiu com voz firme: “Ninguém bota a mão em mim aqui”.