Márcio Antônio Souza Júnior, o médico responsável por filmar um caseiro negro acorrentado pelos pés, mãos e pescoço em uma fazenda na cidade de Goiás, foi condenado a pagar uma indenização de R$ 300 mil por prática de racismo. O caso aconteceu em fevereiro de 2022.
Em nota, a defesa do médico afirmou que ele é inocente e que recorrerá da condenação.
“Reitera ser inocente e que nao teve qualquer intenção de ofender, menosprezar, discriminar qualquer pessoa ou promover esse tipo de atitude, inaceitável em nossa sociedade. Recorrerá contra essa injusta condenação ao Tribunal de Justiça”.
O homem filmado trabalhava como caseiro na Fazenda Jatobá e recebia um salário mínimo pelo serviço prestado. Segundo a investigação, o médico encontrou os itens na igrejinha da fazenda, colocou no homem, gravou o vídeo pelo celular e publicou nas redes sociais.
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“Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”, disse o médico enquanto filmava o homem acorrentado.
Após a repercussão, o médico justificou o ato dizendo que não teve a intenção de “magoar”.
“A gente fez um roteiro a quatro mãos, foi como se fosse um filme, uma zoeira. Não teve a intenção nenhuma de magoar, irritar ou apologia a nada. Gostaria de pedir desculpas se alguém se sentiu ofendido, foi uma encenação teatral”, disse.
A Polícia Civil (PC) investigou o caso e indiciou o médico por racismo em março de 2022. Na última segunda-feira (26), a juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante, da Vara Criminal da comarca de Goiás, condenou Márcio a pagar uma indenização R$ 300 mil, valor que será destinado à Associação Quilombo Alto Santana e à Associação Mulheres Coralinas.
Ainda na decisão, a juíza destacou que racismo é crime e não uma brincadeira.
“Trata-se de um vídeo absolutamente criminoso, evidenciando o crime de racismo contra uma pessoa negra, com apetrechos utilizados na época da escravidão, motivo porque não há que se falar que foi uma brincadeira, em razão de ser crime o racismo recreativo”, escreve.