Em um dia de forte estresse no Brasil e no exterior, o dólar superou a marca de R$ 6,20 e voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação do Plano Real. A moeda norte-americana encerrou nesta quarta-feira (18/12) com um novo recorde e vendido a R$ 6,267, com alta de R$ 0,172 (+2,82%) em um único dia.
A disparada do dólar ocorreu em meio à tramitação do pacote de corte de gastos do governo federal no Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados aprovou a primeira parte do projeto na terça-feira (17/12) e as outras duas ainda deverão ser analisadas no plenário.
Os investidores também analisaram a última decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) do ano. A autoridade optou por uma redução de 0,25 ponto na taxa de juros, agora na banda de 4,25% e 4,50%, mas projeta apenas 0,50 ponto de corte em 2025.
Em um dia sem intervenções do Banco Central (BC), a cotação iniciou em torno de R$ 6,11. Chegou a desacelerar no fim da manhã, mas voltou a subir intensamente após uma declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a moeda norte-americana deve se acomodar. E a partir das 15h, a cotação acelerou novamente após o resultado da reunião do Fed.
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No mercado de ações, o dia também foi de intensa instabilidade e a bolsa caiu mais de 3% atingindo o menor nível desde o fim de junho.
O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 120.772 pontos, com queda de 3,15%. O indicador está no menor nível desde 20 de junho e acelerou a queda após a decisão do Fed. Nos Estados Unidos, o Dow Jones, um dos índices da bolsa de Nova York, caiu 2,2%.
As taxas básicas nos Estados Unidos estão atualmente entre 4,25% e 4,5% ao ano, consideradas altas para os padrões internacionais. Juros elevados em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, pressionando o dólar e a bolsa no Brasil, num momento de incertezas por causa da votação do pacote fiscal no Congresso.
*Com informações da Reuters e Folha de S.Paulo