Pela décima vez consecutiva, o dólar à vista fechou em queda de 0,81%, cotado a R$ 5,77, nesta terça-feira (4). O fechamento marca a maior sequência de baixas em quase 20 anos, desde março e abril de 2005, quando foram registrados 14 dias seguidos de desvalorização. A cotação atual é a menor desde 19 de novembro de 2024.
Dois possíveis fatores podem ter impulsionado a valorização do real frente à moeda americana: a redução das tensões no panorama comercial internacional e sinais de desaquecimento da economia dos Estados Unidos.
A iminência de uma guerra comercial entre os EUA e com o Canadá e o México caiu consideravelmente depois que presidente Donald Trump entrou em acordo com os governantes dos dois países, adiando a cobrança das taxas anunciadas por pelo menos um mês. Além disso, o republicano indicou que pode buscar uma solução negociada com a China.
O mercado começa a interpretar essa postura como uma estratégia de Trump para pressionar países a concederem vantagens comerciais ou políticas aos EUA. Exemplo disso é o compromisso do México de enviar 10 mil integrantes da Guarda Nacional para a fronteira com os EUA para combater o tráfico de drogas.
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Já o Canadá anunciou um investimento de US$ 1,3 bilhão na divisa entre os dois países para reforçar a segurança e impedir o contrabando de fentanil e a lavagem de dinheiro.
Outro fator que pressionou o dólar para baixo foi a divulgação de dados do mercado de trabalho dos EUA. O relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (JOLTS) apontou a criação de 7,6 milhões de vagas de emprego em dezembro, abaixo das 8 milhões projetadas por analistas. O número também ficou aquém dos 8,2 milhões registrados em novembro, sinalizando uma desaceleração na geração de empregos.
Enquanto o dólar recuava, o mercado acionário brasileiro encerrou o dia em baixa. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,65%, fechando em 125.147 pontos. Entre as ações que mais pesaram na queda, os papéis da Petrobras recuaram 1,43%, enquanto os da Vale tiveram leve baixa de 0,26%.