De acordo com dados do estudo Cartografias da Violência na Amazônia, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto Mãe Crioula, os 772 municípios que compõem a região chamada Amazônia Legal registraram em 2022 uma taxa de assassinatos 45% superior à média das demais cidades brasileiras. O estudo foi divulgado nesta quinta, 30/11.
O levantamento aponta que ocorreram 33,8 mortes violentas intencionais a cada 100 mil habitantes da Amazônia Legal, ante 23,3 assassinatos por 100 mil brasileiros. Essa diferença de 45% abrange tanto cidades classificadas como urbanas quanto as rurais.
Quando o recorte é restrito aos municípios mais urbanizados, a diferença fica ainda maior: chega a 52% (35,1 mortes por 100 mil pessoas).
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Quatro dos nove estados da região registraram mais de mil homicídios no ano passado: Pará (2.997), Maranhão (1.606), Amazonas (1.531) e Mato Grosso (1.072). A maior taxa foi registrada no Amapá, com 50,6 casos a cada 100 mil habitantes, apesar da redução de 25% nesse índice – em 2021, o estado teve mais de 67 assassinatos por grupo de 100 mil pessoas.
Todos os estados da região estão acima da média nacional – apenas Acre (28,6), Maranhão (28,5) e Mato Grosso (29,3) registram patamar abaixo dos 30 assassinatos por 100 mil pessoas.
Principais vítimas: Indígenas e mulheres
Ainda segundo o estudo, a Amazônia Legal registrou em 2022 13,1 mortes violentas a cada 100 mil indígenas, índice 26% maior que a taxa fora da região, de 10,4 casos a cada 100 mil pessoas.
A taxa de feminicídio na região foi de 1,8 casos a cada 100 mil amazônidas, acima dos 1,4 registros por 100 mil brasileiras. A taxa de estupros na região foi 33,8%, também superior à média nacional (49,4 vítimas a cada 100 mil pessoas da Amazônia Legal, contra 36,9 por 100 mil brasileiros).
Narcotráfico e crimes ambientais: As maiores causas para assassinatos
Os autores do estudo mapearam pelo menos 22 facções criminosas atuantes na Amazônia Legal, em pelo menos 178 dos 772 municípios da região – ou seja, praticamente 1 em cada 4 cidades amazônicas tem presença desses grupos armados. Essas localidades concentram quase 58% da população total da Amazônia.
O estudo revela que, de 2019 a 2022, houve um crescimento de 194,1% na apreensão de cocaína pelas polícias estaduais da Amazônia, num total de mais de 20 toneladas – 14 toneladas só no estado de Mato Grosso. Já o Amazonas apresentou redução de 85% no ano passado em relação a 2021, de acordo com o estudo.
Paralelamente, a região amazônica registrou aumento de 85,3% nos crimes vinculados ao desmatamento entre 2018 e 2022; 51,3% nos casos de incêndios criminosos; e 275,7% nas ocorrências relacionadas à grilagem. Esses crimes, sobrepostos, levam ao aumento dos homicídios nos estados que compõem a Amazônia Legal.
*Com informações de CNN Brasil