O cantor Netinho contraiu empréstimos milionários com Ademir Pereira de Andrade, um conhecido agiota ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A informação foi divulgada neste sábado (22/02) pela TV Globo, que teve acesso a documentos sigilosos de uma investigação relacionada a Vinicius Gritzbach, empresário e delator do PCC, executado no ano passado.
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De acordo com mensagens obtidas pelo MP-SP, Netinho mencionou um empréstimo de R$ 500 mil e outro de R$ 2 milhões.
“As questões dos juros eu vou pagando para você o que for dando aí, pode ficar tranquilo, tá bom?”, escreveu o cantor ao agiota em 12 de maio de 2023.
O caso levanta suspeitas sobre a ligação de artistas com financiadores do crime organizado, tema que segue sob investigação do Ministério Público.
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Política e carreira pública
O cantor Netinho foi eleito vereador de São Paulo em 2008 pelo PCdoB, sendo o terceiro mais votado. Em 2012, foi reeleito e, posteriormente, assumiu o cargo de Secretário de Promoção da Igualdade Racial na gestão de Fernando Haddad (PT).
Favorecimento ao PCC
Mensagens reveladas pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) indicam que Netinho articulava o favorecimento de integrantes do PCC presos. Ele teria repassado a Ademir Pereira de Andrade, agiota ligado à facção, informações sigilosas sobre:
- Inspeções do Ministério dos Direitos Humanos em presídios;
- Visitas técnicas da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados para investigar denúncias de violações na Penitenciária de Mossoró.
Investigação
A denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que 12 acusados atuavam em conluio com o PCC, utilizando a estrutura do Estado para favorecer a facção criminosa.
Apesar das conversas entre Netinho e o agiota do PCC, o cantor não é investigado, mas foi citado na denúncia.
Além disso, o MP-SP identificou um esquema criminoso envolvendo policiais civis, entre delegados e investigadores, que teriam se aliado ao crime organizado para transformar órgãos públicos, como a Polícia Civil, em instrumento de enriquecimento ilícito e proteção à facção criminosa.
Veja a lista de investigados;
- Ademir Pereira de Andrade
- Ahmed Hassan Saleh
- Eduardo Lopes Monteiro (investigador da Polícia Civil)
- Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)
- Marcelo Marques de Souza (investigador da Polícia Civil)
- Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)
- Robinson Granger de Moura
- Rogerio de Almeida Felicio (policial civil)
- Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Polícia Civil)
- Danielle Bezerra dos Santos
- Valdenir Paulo de Almeida (policial civil)
- Valmir Pinheiro (policial civil)