A tensão no Oriente Médio ganhou um novo capítulo com a ameaça do Irã de abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), em resposta aos recentes ataques de Israel contra suas instalações nucleares. A informação foi confirmada por autoridades iranianas, que afirmam que o Parlamento já discute um projeto para oficializar a saída do acordo.
Apesar da pressão, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reforçou que o país não tem interesse em desenvolver armas nucleares, citando, inclusive, uma decisão religiosa do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, que proíbe armamentos desse tipo.
O alerta surge em meio à avaliação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que confirmou danos em pelo menos quatro prédios do complexo nuclear de Isfahan e prejuízos na parte externa da instalação de Natanz, um dos principais centros de enriquecimento de urânio do país. A estrutura subterrânea de Natanz, no entanto, permanece intacta. Já a instalação de Fordow, considerada a mais protegida do Irã, não sofreu impactos diretos.
O chefe da agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, expressou preocupação com os riscos de vazamentos radioativos, advertindo que a escalada militar não só ameaça a segurança da região, como também pode gerar impactos ambientais graves e dificultar qualquer caminho diplomático.
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A tensão aumentou após a AIEA divulgar um relatório que acusa Teerã de manter material nuclear não declarado, o que motivou a aprovação de uma resolução de censura contra o país, a primeira em duas décadas. O governo iraniano rebate, dizendo que seu programa tem fins pacíficos e acusa a própria agência da ONU de encorajar os ataques israelenses.
Atualmente, 191 países fazem parte do TNP. Apenas Israel, Índia, Paquistão e Coreia do Norte estão fora do acordo. Israel, apesar de nunca admitir oficialmente, é apontado como a única potência nuclear do Oriente Médio.
Diante da escalada, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, em Genebra, também se manifestou, chamando o avanço dos confrontos de “alarmante” e pedindo contenção imediata das partes envolvidas.
(*)Com informações do G1