O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que está disposto a seguir um caminho diplomático e conversar diretamente com o líder russo, Vladimir Putin, para acabar com a guerra entre os países, que já dura quase três anos.
Ele disse que se sentar com Putin na mesa de negociações “fosse o único cenário em que poderíamos levar paz aos cidadãos da Ucrânia… definitivamente faríamos esse cenário, para uma reunião com esses quatro participantes”.
A fala aconteceu durante entrevista concedida ao jornalista britânico Piers Morgan, Zelensky declarou que exigiria a presença de UE (União Europeia) e Estados Unidos para estabelecer um acordo de paz.
“Se as pessoas acreditam que devemos passar para a via diplomática, e eu acredito que estamos prontos para passar para a via diplomática, precisamos ser os EUA, a Europa, a Ucrânia e a Rússia”, declarou com a possibilidade de outros países também participarem caso o encontro aconteça.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de trégua nas sanções, Zelensky disse que isso poderia aumentar o risco de novas invasões. “Se as sanções forem suspensas da Federação Russa, acredito que isso aumentará o risco de uma segunda invasão”, frisou.
Eleições
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, havia dito ser cedo demais para uma conversa por acordo de paz envolvendo também EUA e União Europeia. Ele acusou Zelensky de ser “ilegítimo”, uma vez que o presidente ucraniano permaneceu no poder por mais tempo do que seu mandato.
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“Eu sempre estive aberto às eleições. Mas, durante uma guerra, eleições requerem alterações constitucionais e sérios ajustes legais. O fator chave não é apenas legal, é humano. Como os soldados nas trincheiras irão votar? E os milhões de ucranianos em territórios ocupados? As vozes deles não mais importam? E quanto aos 8 milhões de ucranianos que estão forçadamente em países estrangeiros por conta da guerra?”, questionou Zelensky das acusações, argumentando que o contexto de guerra impede que eleições legítimas sejam conduzidas.
O presidente russo, Vladimir Putin, teria rejeitado Zelensky em diversas ocasiões como participante de negociações, alegando que ele não se submeteu às eleições quando seu mandato terminou em maio de 2024.
Guerra dura quase três anos
Em 24 de fevereiro de 2022, as tropas russas invadiram a Ucrânia promovendo ataques a cidades próximas da capital, Kiev. O conflito no Leste da Europa segue marcado pelo acirramento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia.
Um dos principais motivos para a guerra seria a possível entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), já que a Rússia demonstra interesse em recuperar seu território — uma vez que foi um dos maiores impérios do mundo.
Os ataques geraram milhões de mortos e feridos e refugiados, além de sanções econômicas e políticas em todo o mundo.
Volta de Trump
Os comentários foram feitos na entrevista surgem em meio à grande expectativa para que as negociações comecem desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca prometendo acabar com os combates, que completem três anos em 20 de fevereiro.
Na segunda-feira, Trump, um crítico ao financiamento americano a Kiev, condicionou o envio de ajuda ao país a vantagens como o fornecimento de terras raras aos EUA. As terras raras são um grupo de elementos considerados cruciais em indústrias como a aeroespacial e, no que parece interessar Trump, de alta tecnologia. A Ucrânia tem reservas consideráveis, e era uma das principais exportadoras europeias antes da guerra.
*com informações de CNN Brasil