O Brasil poderá ter a chance, ao assumir, em outubro, a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de abandonar declarações “não bem-vistas” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a invasão da Rússia na Ucrânia.
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De acordo com o especialista em política internacional, Alexandre Flávio Silva Andrada, que também é professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), Lula deverá mudar seus discursos espontâneos.
“Vamos conseguir sair daquela esfera da fala informal do presidente Lula, durante entrevistas e discursos mais espontâneos, e passar para uma mais formal, com propostas desenvolvidas pelo corpo burocrático brasileiro, pelos intelectuais e demais membros da política externa brasileira”, disse Flavio ao Metrópolis.
O Conselho de Segurança da ONU é composto basicamente, por 15 países, sendo divididos entre cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) e 10 membros não permanentes (Albânia, Brasil, Equador, Emirados Árabes, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça).
Em 2023, termina o período do Brasil como membro não permanente do Conselho. Em breve, novos 10 membros serão eleitos pela Assembleia-Geral da ONU para cumprir mandatos de dois anos. Essa é a segunda vez no atual biênio que o país ocupará a presidência temporária do Conselho, a primeira ocorreu em julho do ano passado.
Oportunidade de apresentar uma nova visão
Segundo o professor Alexandre, esta será uma oportunidade “ímpar” para resolver os problemas de comunicação, em especial, causados pelas declarações do presidente.
Durante a 78ª Assembleia-Geral da ONU, onde o mandatário criticou o Conselho de Segurança do próprio organismo multilateral ao afirmar que ele “vem perdendo progressivamente a credibilidade”.
“Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime”, afirmou Lula.
De acordo com o presidente brasileiro, a “paralisia [do Conselho de Segurança] é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia”.
Para o professor da UnB, o país vai conseguir apresentar sua visão de uma maneira mais “clara” e “limpa”, sem ruídos.
“Também é uma boa oportunidade para colocar tudo em ‘pratos limpos’ e mostrar claramente o que o Brasil defende: o apoio ao direito internacional e às instituições multilaterais para evitar e solucionar os conflitos mundiais”, explicou.
*Por Cyaillen Espíndola, com informações do Metrópoles