O julgamento dos sete profissionais de saúde acusados de envolvimento na morte de Diego Armando Maradona começou nesta terça-feira (11/3) na Justiça argentina. No primeiro dia de audiência, o promotor do caso, Patrício Ferrari, exibiu uma foto do ex-jogador minutos após sua morte e fez duras acusações contra os réus.
“Maradona morreu assim. Quem disser a vocês, juízes, que não percebeu o que estava acontecendo com Diego está mentindo na cara de vocês se não disserem que participaram de um assassinato”, afirmou Ferrari durante o depoimento.

Os sete acusados, que faziam parte da equipe médica responsável pelo ex-jogador, respondem por homicídio simples com dolo eventual, sob a alegação de que tiveram consciência dos riscos e ainda assim negligenciaram os cuidados com Maradona.
Entre os réus estão o neurocirurgião Leopoldo Luque, médico pessoal do ex-craque, além de um médico clínico, uma psiquiatra, um psicólogo, uma coordenadora de plano de saúde, um coordenador de enfermagem e um enfermeiro.
Acusações e investigação sobre a morte de Maradona
Maradona faleceu em 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, em decorrência de uma insuficiência respiratória seguida de parada cardíaca. Segundo os promotores, ele foi submetido a uma internação domiciliar improvisada e sem estrutura, mesmo apresentando diversas condições médicas graves, como problemas renais, hepáticos, cardíacos e neurológicos, além de dependência química.
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O ex-atleta se recuperava de uma cirurgia para retirar um hematoma na cabeça. Segundo informações o próprio Maradona se recusou a continuar internado na clínica.
A investigação aponta que o ex-jogador deveria ter recebido cuidados intensivos adequados, mas foi deixado “à própria sorte”. Uma comissão médica, formada em 2021 por determinação da Justiça, concluiu que os cuidados prestados foram “inadequados, deficientes e imprudentes”, e que Maradona agonizou por 12 horas antes de morrer.
Provas reunidas no caso incluem mensagens e áudios trocados pelos acusados, que indicam que a saúde do ídolo argentino era tratada de maneira negligente. Algumas das mensagens interceptadas diziam:
“Ele vai morrer.”
“Isso acaba mal.”
“Manipulemos a história clínica para nos cobrirmos.”
“Podemos terminar presos.”
Os promotores também alegam que os envolvidos conspiraram para manter a família afastada, temendo que, se Maradona fosse levado para outro tratamento, perderiam seus empregos e fontes de renda.
Julgamento deve durar até julho
O julgamento ocorre no Tribunal de San Isidro, a cerca de 30 km de Buenos Aires, e deve se estender até julho de 2024, com a audição de 120 testemunhas, incluindo familiares, médicos, jornalistas e amigos do ex-jogador.
No primeiro dia de audiência, Veronica Ojeda, ex-namorada de Maradona, compareceu ao tribunal e foi vista chorando. As filhas do craque, Dalma e Jana Maradona, também estiveram presentes.
A defesa dos acusados argumenta que cada profissional atuava dentro de suas competências e que o próprio Maradona recusava tratamentos. A psiquiatra e o psicólogo, por exemplo, afirmam que apenas cuidavam da saúde mental do ex-jogador, enquanto os enfermeiros dizem que seguiam ordens médicas e que Maradona era um paciente difícil.
Além do julgamento criminal, a morte do craque segue envolta em outras polêmicas, incluindo disputas sobre sua herança. Após o encerramento do processo judicial, o corpo de Maradona deve ser transferido para um mausoléu, o “Memorial M10”, localizado em uma área turística de Buenos Aires, projetado para receber até um milhão de visitantes por ano.