A dificuldade em escutar em locais com barulho – salvo de distúrbios auditivos diagnosticados clinicamente – pode ser atenuada por movimentos das mãos. Isso foi revelado por uma pesquisa realizada pela Universidade de Aix-Marseille, na França, ao examinar a reação dos voluntários a 80 frases extensas apresentadas com ruídos de fundo.
Sob a liderança de Noémie te Rietmolen, a equipe fundamentou-se em pesquisas anteriores que demonstram a melhoria do processamento auditivo através do movimento ritmado. Segundo o estudo, quando escutamos, ativamos áreas corticais do sistema sensório-motor.
De acordo com a pesquisa, situações auditivas desfavoráveis, como um ambiente barulhento ou com muitos falantes, demonstram que o estudo das modulações temporais do sinal de fala desperta interesse e simplifica a compreensão. É importante destacar que isso se aplica a indivíduos com boas condições cognitivas.
Os participantes do experimento foram introduzidos ao experimento através de batidas sonoras de 0,5 segundo, sendo orientados a sincronizar-se ao pressionar a barra de espaço do teclado com o dedo indicador.
“Batidas primárias periódicas foram apresentadas por 5 segundos na velocidade frasal (~1,1 Hz, dp = 0,15), lexical (~1,8 Hz, dp = 0,23) ou silábica (~5,0 Hz, dp = 0,33) da frase seguinte”, explica a equipe, acrescentando que havia um grupo de controle ao qual não foi solicitado que acompanhasse a batida.
Os participantes foram solicitados a bater os dedos antes das frases, e não durante, para prevenir problemas na realização de uma tarefa dupla. Em suma, o estudo mostrou que o movimento ritmado dos dedos contribuiu para o processamento de compreensão dos participantes. No entanto, a ação deve seguir um ritmo definido.
“Aqui, mostramos que o efeito benéfico de um periódico genérico na compreensão da fala é mais forte em uma frequência de aproximadamente 1,5–2 Hz”, explica o estudo. “Essa seletividade de frequência observada na frequência lexical descarta a possibilidade de que a facilitação seja motivada por efeitos inespecíficos de excitação ou preparação motora.”
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Embora o experimento tenha sido conduzido em francês, a equipe não exclui a possibilidade de que seja um fenômeno específico do idioma, porém destaca que é pouco provável que o resultado esteja ligado à estrutura rítmica do idioma em questão.
Outras pesquisas serão conduzidas para confirmar a aplicabilidade do efeito em várias línguas. Também não está claro se o “truque” é vantajoso para indivíduos com dificuldades auditivas ou de processamento. (o estudo pode ser lido na íntegra neste link).