Em contagem regressiva para o primeiro turno das eleições municipais de 2024, a Rede Onda Digital buscou compreender comportamento dos eleitores que se declaram indecisos ou que optam pelo voto em branco ou nulo. Segundo os cientistas políticos Luiz Antonio Nascimento e Helso Ribeiro, essa realidade reflete um distanciamento cada vez maior entre os governantes e a população, além de fatores como a desconfiança nas promessas de campanha e a influência de instituições religiosas na orientação do voto.
Em entrevista, Nascimento destacou que “quanto mais distante o prefeito e os vereadores estiverem da vida ordinária das pessoas, maior a chance dessas pessoas serem indiferentes à política”.
Helso Ribeiro reforçou que o cenário atual não pode ser comparado à eleição de 2020, marcada por uma abstenção recorde devido à pandemia. No entanto, ele observou que a descrença nos políticos e o aumento da abstenção tem se tornando “tendência mundial”.
Promessas de campanha
Ambos os especialistas concordam que promessas não cumpridas e a sensação de que a política não traz mudanças reais na vida das pessoas são fatores que alimentam a abstenção.
“Uma camada da população se encontra numa situação tão miserável do ponto de vista econômico, social e urbano que eles não percebem diferença quando votam”, explica Luiz.
Helso Ribeiro complementa que a abstenção é impulsionada pela desconfiança nos candidatos e pela falta de interesse pela política.
“Muitas vezes essas promessas ficam distantes da realidade e as pessoas acabam não querendo participar de um teatro”, ressalta Helso.
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Muitos candidatos
No contexto das eleições municipais, Nascimento afirma que diante de uma grande quantidade de candidatos, muitos eleitores acabam por se sentir confusos e distantes do processo, especialmente no primeiro turno, quando “não conseguem ter elementos para fazer escolhas racionais”.
Dando consistência à afirmação de Luiz, apontando que a falta de clareza sobre as candidaturas e o grande número de candidatos também contribuem para a indecisão.
Segundo turno
Nascimento acredita que a dinâmica do segundo turno poderia levar a um engajamento maior, transformando a escolha em algo mais direto e plebiscitário: entre dois candidatos, o eleitor tende a optar por aquele que lhe causa menos rejeição.
Por sua vez, Ribeiro sugere que a simplificação das escolhas pode, na verdade, desestimular a participação, já que os eleitores se sentirão menos motivados a votar se apenas dois candidatos permanecem na disputa.