No debate da TV A Crítica, nesta quarta-feira (23/10) à noite, entre os candidatos à Prefeitura de Manaus pelo segundo turno das eleições, o atual prefeito David Almeida (Avante) e o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) repetiram o histórico de troca de acusações e ofensas visto anteriormente nas respectivas campanhas. A quatro dias da votação que definirá, neste domingo (27), o chefe do Poder Executivo Municipal da capital amazonense dos próximos quatro anos, os ataques pessoais prevaleceram sobre a discussão das propostas dos planos de governo de cada um.
No primeiro bloco, os candidatos debateram sobre temas previamente definidos em sorteio. Inicialmente, teve uma questão sobre a infraestrutura para cidade no período chuvoso, por exemplo, com as acusações já presentes nas falas de Alberto Neto e David Almeida.
“Temos uma Defesa Civil [Municipal] muito deficitária […] Porque o prefeito asfalta a nossa cidade, mas não faz a drenagem [superficial e subterrânea]”, acusou o deputado federal.
Alberto Neto emendou questões sobre arborização e mobilidade urbana ao mencionar a promessa de construção do BRT e que buscará recursos para implantar o modal em Manaus no BNDES.
Em seguida, o tema foi sobre segurança, com referência à Guarda Municipal. O prefeito de Manaus reforçou a crítica habitual que a segurança pública, área constitucionalmente de responsabilidade do Governo do Estado, é o maior problema atualmente da capital.
David ainda sugeriu que o adversário recebe apoio do governador Wilson Lima (União Brasil) nos bastidores antes de relacionar que na sua gestão armou a Guarda Municipal e que pretende aumentar o efetivo com os aprovados no concurso público, além de ter adquirido novos veículos para a corporação.
“O candidato Alberto Neto, que é aliado do governador Wilson Lima, não toca no assunto e coloca todo o problema de segurança [em Manaus] para a Prefeitura de Manaus”, afirmou David Almeida.
Na réplica, o candidato do PL ironizou o chefe do Poder Executivo Municipal ao afirmar que o rival não conhece a Constituição Federal e defendeu que a segurança pública também é dever do município.
Na sequência, o tema empreendedorismo entrou em discussão. Na resposta, Capitão Alberto Neto afirmou que a atual administração municipal é “muito burocrata” e não facilita a abertura de negócios em Manaus.
Para fechar o primeiro bloco, o último tema foi mobilidade urbana com ênfase na implantação de ciclovias. Alberto Neto rebateu uma fala anterior de David que disse que o candidato da direita bolsonarista gera empregos somente fora de Manaus. “David fez alguns ataques aqui porque está desesperado porque vai perder a eleição. Mas sobre ciclovias, quero relembrar o povo de Manaus, que ele [David Almeida] é bom mesmo em pintar”, cutucou o deputado.
No segundo bloco, Alberto Neto e David Almeida formularam perguntas um para o outro sobre temas livres. O candidato do PL criticou o prefeito de Manaus por encerrar o Auxílio Manauara, uma bolsa mensal para ajudar famílias de baixa renda impactadas durante a pandemia da Covid-19.
Ainda sobre a questão do benefício financeiro, Neto acusou David de propagar fake news e o chamou mais uma vez de “Pinóquio manauara”. Na tréplica, o prefeito afirmou que o rival é despreparado para a gestão de Manaus por desconhecer a regulamentação da “lei de auxílios”. David Almeida novamente acusou Capitão Alberto Neto de não enviar nenhum dos R$ 400 milhões de emendas parlamentares que tinha disponível como deputado federal para a gestão municipal.
O segundo bloco se resumiu em mais troca de acusações. Neto também disse que David Almeida não tem preparo e que mentiu quando o acusou de votar no Congresso Nacional contra mais geração de empregos na Zona Franca de Manaus. “Você está percebendo que o prefeito está partindo para o ataque e desconhece as informações e está trazendo diversas fake news como ele fez durante toda a campanha”, disse Alberto Neto.
Ao ser acusado pelo deputado federal de aumentar a carga tributária em Manaus, como o valor do IPTU, o prefeito David Almeida afirmou que Neto é o “rei da fake news”. Em sequência, o candidato à reeleição questionou o Capitão Alberto Neto sobre a viabilidade de cumprir a promessa de campanha de implantar o BRT e VLT, além do transporte fluvial, para a mobilidade.
No terceiro bloco, os candidatos responderam perguntas de especialistas e de profissionais do departamento de jornalismo do grupo A Crítica sobre mobilidade urbana, educação, incluindo a população indígena, e combate às fake news. Foi o bloco que mais teve propostas de campanha informadas, mas sem faltar mais acusações.
No quarto bloco, novamente David Almeida e Capitão Alberto Neto questionaram um ao outro com temas livres. As perguntas foram sobre as propostas para moradia, segurança pública e população autista. Mas as ofensas surgiram quando cada candidato relembrou suspeitas de corrupção e violência doméstica.
Pelo quinto e último bloco do debate, nas considerações finais, Alberto Neto chamou os eleitores para “fazer uma reflexão” e relembrou várias críticas à gestão do adversário na Prefeitura de Manaus mencionadas na campanha nas áreas da segurança, saúde e educação. Já em seu discurso de encerramento, David Almeida citou os legados que considera importantes no seu mandato, comentou propostas de campanha e usou frases de efeito, como “Manaus não é um laboratório para fazer experiências”, “não se mexe em time que está ganhando” e que pelo “erro de um dia [na votação do segundo turno] sofre as consequência em quatro anos [de mandato do prefeito]”.