O lançamento da pré-candidatura de Omar Aziz ao Governo do Amazonas, na última sexta-feira (25), era para ser uma demonstração de força política e foi até certo ponto. Mas, nos bastidores, o que ficou no ar foi a demonstração de que nem tudo está tão alinhado quanto os discursos tentam aparentar.
Faltou uma peça importante no tabuleiro montado por David Almeida: Aryel Almeida, sua filha, recém-alçada ao posto de suposta vice de “alguém”, não mencionado pelo prefeito. Apontada publicamente por David como “a escolha” para compor uma chapa, Aryel simplesmente não foi vista no evento. Nenhuma menção, nenhuma foto, nenhum post — nem dela, nem de Omar, nem do próprio pai.
A ausência gritou mais alto do que qualquer fala no palanque. E expôs uma realidade incômoda: até mesmo entre aliados, a indicação de Aryel é vista com desconfiança.
Com zero experiência política real, sem trânsito consolidado no interior — terreno vital em eleições majoritárias no Amazonas —, Aryel parece, até aqui, mais uma aposta caseira do prefeito de Manaus do que uma vice construída para vencer. Dentro do grupo de Omar, a escolha foi recebida com o entusiasmo de quem ganha um presente que não pediu.
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O silêncio em torno do nome dela indica que, nos bastidores, a ideia ainda está longe de ser consenso. Se dependesse apenas do cálculo político, dificilmente Aryel estaria no jogo. O problema é que, na política, nem sempre o racional vence.
Para analistas mais atentos, o que se desenha é uma fragilidade precoce na aliança entre Omar e David. E mais: cresce a percepção de que o apoio de David a Omar tem prazo de validade — e pode azedar muito antes da campanha esquentar.
Se Aryel fosse realmente a vice dos sonhos, ela estaria no palco, sob aplausos, e não escondida nos bastidores. Por enquanto, o que se vê é uma operação para empurrar a indicação goela abaixo de aliados — e, talvez, até do próprio candidato.
O jogo, como sempre, é bruto. E nesse tabuleiro, as peças já começaram a cair.