O Governo Trump anunciou a exclusão de smartphones, laptops e outros equipamentos eletrônicos das tarifas de importação elevadas divulgadas no início deste mês. A decisão foi comunicada na noite de sexta-feira (11/4) pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos.
Com a medida, esses itens ficam de fora da tarifa de 145% imposta à China — principal fornecedora global desses produtos — e da alíquota de 10% aplicada à maioria dos demais países, conforme detalhado pela agência Bloomberg. Entre os produtos isentos estão, além de celulares e computadores, semicondutores, chips de memória e monitores de tela plana.
A decisão ocorre em meio à preocupação com os efeitos dessas tarifas sobre a economia americana, especialmente em setores nos quais os Estados Unidos têm baixa capacidade de produção interna. A Bloomberg ressalta que a fabricação desses produtos no território americano exigiria um esforço estrutural de longo prazo, com altos investimentos e anos de preparação.
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Apesar da isenção atual, autoridades afirmam que a suspensão pode ser temporária, e esses itens ainda podem ser alvos de novas tarifas no futuro. Atualmente, eletrônicos representam uma fatia relevante das importações dos Estados Unidos, especialmente vindas da China.
Segundo dados do US Census Bureau, os smartphones lideraram as importações chinesas para os EUA em 2024, movimentando US$ 41,7 bilhões, seguidos pelos laptops, com US$ 33,1 bilhões.
Especialistas avaliam que a isenção deve ajudar a conter aumentos de preços ao consumidor americano e aliviar pressões sobre grandes empresas do setor. Analistas da Wedbush classificaram a decisão como “a melhor notícia possível para investidores em tecnologia”.
Uma das empresas mais afetadas pela tensão comercial é a Apple. Com mais de 220 milhões de iPhones vendidos anualmente, a companhia começou a redirecionar parte de sua produção para a Índia. A consultoria Counterpoint Research estima que cerca de 20% das importações americanas de iPhones atualmente vêm da Índia, enquanto o restante ainda é produzido na China.
Em resposta às tarifas, a Apple teria fretado seis aviões para transportar aproximadamente 1,5 milhão de unidades do modelo fabricado na Índia — o equivalente a 600 toneladas — com o objetivo de minimizar os impactos tributários. Na ocasião, a taxa de importação para produtos indianos era de 26%, bem inferior à tarifa de 145% aplicada aos itens chineses.