O dólar registrou a segunda alta consecutiva nesta sexta-feira (21/03), encerrando o dia com valorização de 0,73%, cotado a R$ 5,717. A moeda norte-americana atingiu a máxima de R$ 5,734 e a mínima de R$ 5,681 durante a sessão.
Na véspera, o dólar já havia subido 0,5%, interrompendo uma sequência de sete quedas consecutivas. Apesar das recentes altas, a moeda acumula queda de 3,37% no mês e 7,49% no ano.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), teve uma sessão volátil, mas fechou com leve alta de 0,3%, atingindo 132,3 mil pontos. Na quinta-feira (20/03), o índice havia recuado 0,38%, após seis sessões seguidas de alta. No acumulado de março, o Ibovespa registra ganho de 7,7%, e no ano, alta de 10,03%.
Entre as ações que mais se destacaram no pregão, os papéis da Petrobras subiram 1,38%, enquanto no setor bancário, Bradesco avançou 1,46% e Banco do Brasil teve alta de 0,18%. A maior valorização do dia ficou com as ações das Casas Bahia, que dispararam quase 20%.
Preocupações com desaceleração global
O mercado financeiro seguiu atento às incertezas sobre o crescimento econômico mundial. Os investidores repercutiram projeções revisadas para 2025, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
Na última quarta-feira (19/03), o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve os juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano e reduziu sua projeção de crescimento do PIB norte-americano de 2,1% para 1,7% em 2025.
Além disso, um monitor do PIB elaborado pelo Federal Reserve de Atlanta, o GDPNow, apontou para uma possível queda anualizada de 2,5% no PIB dos EUA no primeiro trimestre, reforçando os temores de recessão. Relatórios de bancos como JPMorgan indicam que o crescimento da economia americana pode ser de apenas 1% no primeiro trimestre, com 40% de chance de recessão nos próximos 12 meses. Já o Goldman Sachs estima essa probabilidade em 20%, enquanto a consultoria BCA Research prevê 75% de chance de recessão técnica nos próximos três meses.
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Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou que a possível guerra comercial entre EUA e União Europeia (UE) pode impactar negativamente o crescimento da região. O governo Donald Trump impôs novas tarifas de 25% sobre importações europeias, incluindo aço e alumínio. Lagarde afirmou que essas medidas podem reduzir em 0,5 ponto percentual o crescimento do PIB da UE em 2025, além de pressionar a inflação.
Orçamento aprovado no Congresso
No cenário doméstico, o mercado também acompanhou a aprovação do Orçamento da União para 2025, realizada na quinta-feira (20/03) pelo Congresso Nacional. A votação, que deveria ter ocorrido no ano passado, foi adiada devido a discussões sobre emendas parlamentares e ajustes fiscais.
O parecer final, apresentado pelo relator Angelo Coronel (PSD-BA), prevê um superávit de R$ 15 bilhões, cumprindo a meta do governo de zerar o déficit público. No entanto, considerando exclusões como despesas com precatórios e aumentos na arrecadação, o déficit primário pode chegar a R$ 40,4 bilhões (-0,33% do PIB).
O orçamento aprovado também destina R$ 50,5 bilhões para emendas parlamentares, sendo R$ 39 bilhões de emendas impositivas – que o governo é obrigado a executar – e R$ 11,5 bilhões de emendas de comissão, que podem ser bloqueadas ou canceladas conforme a necessidade do Executivo.