O anúncio da pré-candidatura de Omar Aziz (PSD) ao Governo do Amazonas, nesta sexta-feira (25/4), na sede da OAB-AM, abriu oficialmente um campo de articulação que o PT local tentava reativar: o de voltar a ser protagonista na formação da aliança governista no estado, com influência direta na chapa majoritária e espaço viável para disputar o Senado.
A presença de Marcelo Ramos no evento, ao lado de nomes ligados ao MDB e PSD, não passou despercebida entre os articuladores nacionais. O gesto pode ser interpretado como tentativa de reposicionar o PT na mesa de decisões majoritárias de 2026.
“A candidatura do senador Omar representa muito mais que a esquerda ou direita. Ela representa a união das lideranças políticas do Amazonas por um futuro melhor para nossa gente. Eu farei o que for melhor para o projeto do presidente Lula”, declarou o ex-deputado federal para a Rede Onda Digital.
Nos bastidores, a leitura é de que sua movimentação abre portas que estavam, até então, apenas entreabertas para o Partido dos Trabalhadores no estado (PT-AM).

Alianças definidas, aliados até quando?
Outro ponto que pode reafirmar a abertura de portas que estavam entreabertas para a esquerda amazonense foi a fala de Eduardo Braga sobre o apoio do presidente Lula na reforma tributária.
“Alguns podem não gostar, mas vou dizer uma coisa. Se não fosse o Lula ter nos apoiado, nós não teríamos conseguido garantir na reforma tributária à Zona Franca de Manaus. Eu e o Omar sabemos muito bem. O Amazonas tem que estar em primeiro lugar”, discursou Braga.
Esse discurso deixa em aberto o caminho para uma composição futura, especialmente, porque o senador Eduardo Braga, indicou interesse em ocupar uma das vagas ao Senado, assim como Marcelo. Zé Ricardo, outro nome histórico do PT, também admitiu que está disponível para a disputa.
“O Partido dos Trabalhadores ainda não definiu suas candidaturas no Amazonas, mas já é um campo de diálogo que está fazendo de se garantir apoio ao presidente Lula e à eleição de parlamentares”, afirmou Zé Ricardo. “Há possibilidade de fechar alianças. O PT vai disputar uma dessas vagas ao Senado. Vamos discutir ainda quem vai ser”, adiantou para Rede Onda Digital.
Veja o vídeo:
Disputa por espaço real, não simbólico
O receio entre petistas é que o apoio a Omar se traduza em apoio formal, sem contrapartida política. A avaliação é que o PT não aceitará ser cota simbólica em uma chapa costurada entre PSD, MDB e União Brasil, por isso, deve articular condições.
Fontes de Brasília confirmam que o presidente Lula vê com bons olhos a possibilidade de Omar Aziz representar o lulismo no Amazonas, caso a disputa com a indicação de Wilson Lima (União Brasil) se intensifique.
A movimentação de Ramos pode, nesse sentido, servir de contraponto à ala do PT mais alinhada a Eduardo Braga, hoje liderada pelo deputado estadual Sinésio Campos. Sinésio tenta preservar a aliança tradicional com MDB e PSD, apostando no vínculo direto com os senadores.
“Eu entendo que aqui também temos aliados de primeira hora do presidente Lula (Omar Aziz e Eduardo Braga). Os dois senadores estão alinhados com o Governo Federal, e eu, como presidente estadual do PT, estou nessa linha. Agora é construir diálogo para um Amazonas para todos, sem exclusão”, declarou Sinésio para a reportagem.
Confira:
O campo de diálogo está aberto. Mas ainda há um jogo de forças dentro do próprio PT-AM que precisa ser resolvido antes que a aliança se consolide.