O ano político de 2022, com suas eleições gerais, tirou de cena quase 100% dos políticos que começaram na vida pública com a redemocratização do País nos anos 80. Amazonino Mendes, Arthur Virgílio Neto, Serafim Corrêa, Alfredo Nascimento, Vanessa Graziottin, Eron Bezerra e outros, como o ex-prefeito Manoel Ribeiro, que tiveram trajetória política um pouco menor foram “saídos” da política após 40 anos de contribuições a vida pública
No rol de ex-prefeitos de Manaus não sobrou nenhum, por exemplo. Primeiro prefeito eleito da capital após mais de 20 anos, em 1985, Manoel Ribeiro morreu em março; os que o sucederam: Amazonino, Arthur, Alfredo e Serafim não lograram exito na busca pelo voto do eleitor amazonense. Militante de esquerda raiz, Eron sequer foi candidato, optando por manter-se na vida acadêmica, onde exerce a função de diretor do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas. Vanessa não conseguiu se eleger deputada federal.
Fragilizado pela doença, Amazonino Mendes, 83 anos, parecia um candidato imbatível na briga por voltar ao Governo do Estado pela quinta vez, mas sequer conseguiu vaga no segundo turno, desidratando mais de 20% pontos porcentuais entre as pesquisas que lhe atribuiam mais de 40% da intenção de votos em janeiro para menos de 20% dos votos depositados nas urnas. Após a eleição, ele ficou 13 dias internado no hospital Sírio Libanês para cuidar de uma diverticulite agravada por pneumonia.
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Arthur Virgílio Neto, 77, também era pule de dez nas mesas de apostas para vencer a eleição para o Senado. Ficou em terceiro lugar na disputa vencida por Omar Aziz (PSD) numa briga voto a voto contra o ex-superintendente da Suframa Alfredo Menezes (PL). Desgostoso com os rumos do partido que ajudou a fundar, o PSDB, anunciou a desfiliação em novembro após perder a direção estadual para o senador Plínio Valério. Arthur segue ativo nas redes sociais, onde comenta e analisa os primeiros passos do governo eleito de Luís Inácio Lula da Silva.
Outro ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, 70 segue como o principal cacique do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro e do presidente do partido Waldemar da Costa Neto. Ambos articulam a indicação do deputado federal eleito Alberto Neto (PL) para uma secretária do Governo de Wilson Lima e assim abrir uma vaga que garanta a sobrevivência política de Alfredo, que nas urnas fracassou redondamente ao obter pouco mais de 46 mfil votos.
Serafim Corrêa também não conseguiu se reeleger deputado estadual e anunciou que ficará fora da política partidária, mundo em que vive desde o final dos anos 70, mas não deixará de fazer política. “Política tem porta de entrada apenas”, cita o socialista, que perdeu a reeleição por menos de mil votos e assim encerra uma carreira marcada pela ocupação de postos de secretário municipal, vereador, prefeito de Manaus e deputado estadual por dois mandatos.
Vanessa Grazziotin não foi prefeita de Manaus, mas disputou o cargo em duas oportunidades. Ao longo de 40 anos de vida pública, foi vereadora, deputada federal, Senadora da República e tentou voltar a Câmara Federal em outubro, não obtendo exito. Figura de proa do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Vanessa segue como assessora da Direção Nacional do partido e poderá ter algum cargo de relevância no governo Lula, pois a ex-presidente do PCdoB, Luciana Santos foi indicada para assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia.
ANÁLISE
Para o cientista político Moacir Santos, a eleição de 2022 marcou a transição desta geração de políticos que estão chegando ou passando dos 70 anos e assim carregam o que ele chamou de “fadiga de material”. “O povo já sabe o que eles podem oferecer e o que eles podem oferecer já não é suficiente, daí o fracasso nas urnas”, analisou.
Santos também alerta que a geração subsequente a destes, todos muito ativos na política amazonense desde os anos 80, também está ameaçada e já chegando no “breakpoint” da carreira. “Em 2018 o senador Eduardo Braga se elegeu com muita dificuldade, neste ano tentou o governo e ficou bem distante do governador Wilson Lima”, analisou. “O caso mais recente é o de Omar Aziz, que sofreu para ultrapassar e vencer a disputa contra Alfredo Menezes”, conclui, lembrando que ambos, Braga e Omar, já ultrapassaram a casa dos 60 anos.