Nesta segunda-feira (22), o atual presidente da república Jair Bolsonaro participou da tradicional sabatina do Jornal Nacional, conduzida por Willian Bonner e Renata Vasconcellos, com os principais candidatos a presidência. Durante a entrevista ele afirmou que respeitará o resultado das urnas, defendeu a postura do Governo Federal durante a pandemia e discutiu temas pertinentes que rondaram seu mandato ao longo desses quatro anos.
A entrevista teve início com Bonner questionando o presidente sobre os ataques a ministros de instâncias superiores, como o Superior Tribunal Federal (STF) e as acusações sem provas quanto a integridade das urnas eletrônicas. Bolsonaro alegou que a questão levantada pelo jornalista tratava-se de uma fake news e que “isso não existe”.
Apesar disso, em julho de 2021, Bolsonaro chamou o ministro Luis Roberto Barroso, então presidente do TSE de “idiota” e “imbecil” ao falar sobre o voto impresso. No mês seguinte, Barroso foi novamente xingado, desta vez de “filho da put*”, durante um encontro com apoiadores em Joinville. Em setembro do ano passado, foi a vez de Alexandre de Moraes ser chamado de “canalha” publicamente.
Durante a sabatina, Bolsonaro firmou um compromisso de respeitar o resultado das eleições de forma democrática, independente do resultado. Ao ser questionado sobre apoiadores defenderem atos antidemocráticos, como intervenção militar e a volta do AI-5, Bolsonaro disse acreditar ser apenas uma “força de expressão” de parte da população, sem qualquer tipo de repúdio.
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Pandemia
Sobre a pandemia, Bolsonaro afirmou que fez sua parte ao comprar vacina para a população, sem fazer menção as vezes em que desacreditou seu uso. Ele também atacou a imprensa, reforçando que o erro durante a pandemia foi a mídia desincentivar o tratamento precoce com remédios como ivermectina e a cloroquina – ambos sem eficácia para a Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A crise do oxigênio em Manaus também foi pauta. Segundo Bolsonaro, a capital amazonense ficou apenas 48h sem oxigênio e que prontamente seu governo atendeu a demanda. A informação passada pelo candidato é falsa.
De acordo com a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), no dia 7 de janeiro de 2021, a empresa White Martins relatou ao Governo do Estado dificuldades em suprir a demanda de oxigênio. Neste mesmo dia, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) informou ter contactado o então ministro da saúde, Eduardo Pazuello sobre a situação. O primeiro avião com oxigênio enviado pelo ministério chegou em Manaus apenas dia 14 de janeiro, uma semana depois.
Corrupção
Bolsonaro voltou a defender que não houve qualquer caso de corrupção em seu governo e exaltou a formação de seu quadro ministerial pautado em quesitos técnicos. O presidente também elogiou nominalmente alguns ministros que teve durante o mandato, como Marcos Pontes, Onyx Lorenzoni, Gilson Machado e Ricardo Salles, este último investigado pela Polícia Federal por esquema de exportação ilegal de madeira.
Questionado sobre o episódio do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, preso após denúncias de recebimento de propina de pastores, Bolsonaro defendeu o colega, afirmando que o Ministério Público de Brasília foi contra a prisão de Ribeiro, mas recuou ao falar genericamente que “as pessoas se revelam quando chegam”.
Sabatina com presidenciáveis
O Jornal Nacional continuará a série de entrevistas com os candidatos nesta terça-feira (23), com a presença de Ciro Gomes (PDT). Na quinta-feira (25) será a vez de Lula e Simone Tebet (MDB) encerra a programação na sexta-feira (26).
Foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet e André Janones (Avante), que depois retirou a candidatura. Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.