Um estudo chamado “O Acesso ao Verde e a Resiliência Climática nas Escolas das Capitais Brasileiras”, divulgado na quarta-feira (27/11) pelo Instituto Alana, revela que Manaus é cidade do país, entre as 26 capitais e Brasília (DF), que mais concentra unidades de ensino em áreas mais quentes do que a temperatura média urbana. Uma consequência direta da falta de vegetação nestes locais específicos.
Conforme dados levantados em 2023 pelo MapBiomas para a pesquisa, 77,7% das escolas da capital do Amazonas estão localizadas em ilhas de calor. A amostragem também informa que Manaus é a cidade que mais reúne em favelas escolas públicas e particulares, do ensino infantil e fundamental. Mais da metade, no caso 53%, das instituições de ensino da capital amazonense estão em áreas periféricas, onde moram pessoas de baixa renda e em vulnerabilidade social.
Ainda conforme o levantamento, Manaus está na quarta posição no ranking de capitais que não possuem nenhuma área verde no lote em que estão inseridas as escolas. Com uma proporção de 51% de unidades de ensino sem cobertura vegetal, a cidade está empatada em porcentagem com Aracaju, capital de Sergipe.
Nesta estatística negativa em relação à preservação ambiental no espaço urbano, Manaus está atrás somente de Salvador-BA (87%), São Luís-MA (55%) e Fortaleza-CE (54%).
No quesito distribuição de praças e parques ao redor das escolas, a capital do Amazonas tem a terceira menor proporção. De acordo com a pesquisa, 47,2% das instituições de ensino de Manaus não tem nenhum desses espaços públicos próximos do entorno em um raio de 500 metros. A situação melhora um pouco em um raio de 1 mil metros de distância, quando a porcentagem fica em 23,0%.
O estudo ainda destaca a capital amazonense em uma página com o título “Educação infantil em Manaus: quanto mais vulnerabilidade, menos verde” ao apresentar mapas da cidade com gráficos informando o INSE (Indicador de Nível Socioeconômico) de escolas que dão aulas para crianças e mostrando que unidades situadas em favelas não possuem vegetação em um entorno de 500 metros.
Em relação às cidades do Brasil com escolas em áreas de risco de desastres climáticos, Manaus pelo menos desta vez está fora do ranking. O estudo mostra apenas as cinco capitais com mais proporção nesta situação problemática: Salvador (50%), Vitória (25%), Recife (23%), Belo Horizonte (14%) e Natal (13%).
No geral, a pesquisa esclarece ainda que no Brasil, seis em cada dez unidades de ensino pesquisadas (64%) estão em locais onde a temperatura é pelo menos 1 grau Celsius (°C) maior que a média da região. Também informa que 37,4% dos locais não têm áreas verdes, 11,3% estão localizadas em favelas e 6,7% estão em áreas de risco de desastres naturais.
O estudo também concluiu que 370 mil estudantes de 1.383 escolas públicas e privadas do país têm aulas em áreas de risco climático. Na prática, são jovens que podem ter a educação básica comprometida por enchentes, tempestades ou deslizamentos.
E no final de cada tópico analisado pela pesquisa, recomendações são sugeridas para o poder público ou a iniciativa privada “reduzir as desigualdades no acesso de crianças e adolescentes à natureza nas escolas e, ainda, para aumentar a resiliência desses estabelecimentos à mudança climática”.
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Organização
Para analisar a amostra composta por 20.635 unidades escolares de educação infantil e ensino fundamental de todas as capitais brasileiras, cientistas de dados e jornalistas investigativos da agência de dados independente “Fiquem Sabendo” se juntaram à equipe do Instituto Alana e do MapBiomas. Segundo o site oficial, o Alana é uma “organização da sociedade civil, sem fins lucrativos e de impacto socioambiental, com foco na proteção e promoção dos direitos das crianças”.
Já o MapBiomas é um projeto que mapeia a cobertura e o uso da terra no Brasil, monitorando as mudanças do território. Também é uma iniciativa do Observatório do Clima e trabalha com uma rede colaborativa de universidades, ONGs e empresas de tecnologia.