Há pouco mais de um ano, a produtora rural Maria de Fátima Pereira atendeu ao pedido de socorro de um vizinho que bateu em sua porta durante uma crise de hipertensão. Era dia chuvoso, e o marido de Fátima acionou um médico via telefonema para atender o caso. O profissional recomendou que o paciente ingerisse açúcar para controlar os sintomas. O quadro do vizinho, no entanto, se agravou, e ele acabou falecendo.
Fátima mora no ramal da Casa Branca, no município de Rio Preto da Eva (a 50 quilômetros de Manaus). A localidade tem 11 quilômetros de extensão, mas a rede de fornecimento de energia elétrica acaba no KM 10. Segundo a produtora rural, a dificuldade de comunicação preocupa moradores do trecho final da via. Eles temem ficar sem condições de pedir ajuda em casos de emergência como o relatado acima.
“Tenho um vizinho aposentado, que sofre de hérnia de disco. Ele precisa caminhar bastante, usando uma vara como bengala, para recarregar o telefone celular. É o único meio de comunicação“, relata Fátima.
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“Em Manaus há locais mais distantes que não enfrentam esse problema. Moramos na biqueira da cidade e não temos energia“, diz a produtora rural. Ela acrescenta que o acesso ao local fica difícil em determinadas épocas do ano. “Em período de chuva, você entra e não sai”.
Em contato com a reportagem, a assessoria de comunicação da Amazonas Energia solicitou fotos do ramal para averiguar a situação. Fátima, no entanto, se recusou a enviar a imagem e disse que os funcionários sabem a localização do Casa Branca, já que teriam solicitado a limpeza de um trecho da estrada para a instalação de um poste.
Daniel Amorim, da redação