Com a escalada dos incêndios florestais em várias regiões do Brasil, um levantamento recente revela que a maioria dos candidatos das cidades mais atingidas por focos de calor não apresentam propostas específicas para combater as queimadas em seus planos de governo. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam um aumento nos focos de calor, destacando a urgência de medidas para a preservação ambiental.
Entre as cidades com maior concentração de incêndios estão São Félix do Xingu (PA), Corumbá (MS), Altamira (PA), Novo Progresso (PA), Apuí (AM), Lábrea (AM), Itaituba (PA), Porto Velho (RO), Colniza (MT) e Novo Aripuanã (AM). Nesses municípios, a resposta dos candidatos às queimadas tem sido insuficiente. O levantamento do portal Metrópoles, com base nos dados do Inpe e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indica que apenas 19 dos 42 candidatos nas 10 cidades afetadas mencionam a questão ambiental em seus programas de governo, e apenas oito deles abordam diretamente o combate às queimadas.
Ações ambientais negligenciadas
Os planos de governo dos candidatos foram agrupados em três categorias: com propostas específicas para o meio ambiente, propostas genéricas e sem propostas. Entre os 42 candidatos analisados, 19 apresentam algum tipo de proposição para a área ambiental, mas apenas cinco trazem ações concretas para combater os incêndios florestais. Outros 16 candidatos fazem menção ao tema de forma genérica, e sete não possuem qualquer menção ao meio ambiente.
As queimadas são um dos principais desafios ambientais do Brasil, e sua gravidade é evidenciada pelos dados de focos de calor, que aumentaram 110% em relação ao mesmo período de 2023. A Amazônia concentra a maior parte desses focos (49%), seguida pelo Cerrado (32,5%), Mata Atlântica (8,8%), Pantanal (6%) e Caatinga (2,6%).
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Candidatos e as queimadas
Em São Félix do Xingu (PA), município que lidera o ranking de focos de incêndios em 2024, com 5.651 registros, o atual prefeito Cléber de Souza (MDB), que busca reeleição, enfrenta investigações por dificultar a retirada de invasores de áreas indígenas. Todos os candidatos locais possuem alguma proposta ligada ao meio ambiente, mas apenas três tratam diretamente das queimadas.
Já em Corumbá (MS), conhecida como a capital do Pantanal e que registrou 4.713 focos de calor, apenas um dos quatro candidatos à prefeitura, Luiz Antonio Pardal (PP), menciona o combate às queimadas em seu plano de governo.
Altamira (PA), com o terceiro maior número de focos de incêndio no país, tem seis candidatos concorrendo à prefeitura. Destes, cinco possuem planos de governo disponíveis, todos com propostas ambientais, mas sem menção direta às queimadas.
Cenário crítico
A seca prolongada que afeta diversas regiões do Brasil agravou a situação das queimadas. No Pantanal, a alta nos focos de calor foi de 1.913%, o que colocou ainda mais pressão sobre as autoridades locais para agir. Com as temperaturas até 5°C acima da média, a urgência de uma resposta coordenada contra os incêndios florestais torna-se ainda mais evidente, sobretudo nas regiões amazônica e pantaneira.
A ausência de medidas específicas para enfrentar as queimadas nos planos de governo de muitos candidatos preocupa especialistas, que alertam para a necessidade de ações concretas e eficazes no combate ao desmatamento e às queimadas, especialmente em um ano com um aumento tão expressivo nos focos de calor.
O primeiro turno das eleições municipais ocorrerá em 6 de outubro, e o segundo turno, caso necessário, será realizado em 27 de outubro.
*com informações de Metrópoles