Depois da saída da Heineken do Polo Industrial de Manaus, revelada pelo deputado Marcelo Ramos (PSD-AM) hoje em seu twitter, como consequência da aprovação do decreto da semana passada que reduz a alíquota do IPI e põe em risco a Zona Franca, políticos, autoridades e cidadãos do Amazonas tem expressado preocupação com o futuro. Porém, segundo o presidente da CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Perico, o momento é de preocupação, mas não de pânico.
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Perico falou hoje à rádio Onda Digital e comentou a saída da Heineken, que transferiu sua unidade de produção pata Itu (SP) e segue o exemplo da Pepsi, que se mudou para o Uruguai. Segundo o presidente da CIEAM, a saída da empresa não tem relação com a medida da redução do IPI. “Esse decreto [o do IPI] foi editado faz três dias, foi na sexta de Carnaval. Hoje faz uma semana que ele está em vigor. Pra mim, foi muito mais uma estratégia definida pela empresa que calhou de estar sendo implementada agora. Claro que sentimos muito, principalmente por se tratar de um branding relevante, porém mais por causa dos empregos. Embora poucos, são 18 famílias que estão sendo afetadas. Além disso, bebida alcóolica não tem benefícios na ZFM”.
Ele também falou mais especificamente sobre o decreto em si: “Se esse decreto fosse somente para o que é produzido no Brasil, ele estaria perfeito. Mas ele atinge também os importados, que competem diretamente com a indústria brasileira, principalmente em relação com as instaladas na ZFM. Os produtos produzidos em Manaus não carregam o custo do IPI para o consumidor. Então, há distância entre o discurso e a prática quando se fala de favorecer os importados que concorrem diretamente com a indústria nacional. É aí que buscamos diálogo”.
Na próxima terça, haverá reunião entre o governador e a bancada do Amazonas com a equipe do ministério e talvez com o próprio ministro da Economia Paulo Guedes. Perico comentou: “Isso vai se resolver numa conversa com o ministro e possivelmente com o presidente da República, que no meu entendimento não foi totalmente informado do alcance desse decreto e o quanto ele coloca em risco os empregos de brasileiros”.
Ele concluiu refletindo sobre o momento e mais esse ataque ao modelo da ZFM. “Acho que essa medida foi a que teve o alcance mais nocivo ao modelo ZFM. Lá atrás, enfrentamos desafios mais pontuais, específicos, e essa medida não, ela atinge todos os segmentos instalados aqui. Estamos preocupados, mas sem criar terrorismo. A atração de novos investimentos com essa medida fica prejudicada. Vai ter demissão agora? Não, porque as indústrias trabalham dentro de planejamento, já tem toda sua carga de matéria-prima planejada para atender os próximos seis meses, ao menos. Mas pode sim afetar novos investimentos para novos modelos, por exemplo, e prejudicar a nossa atração. Essa é a nossa preocupação, o efeito que isso pode trazer”.