Ciranda é dança e tradição. Uma manifestação cultural enraizada há séculos no Amazonas que virou um resgate histórico e lúdico para as novas gerações com o livro infantil Auto do Carão: Folguedo das Cirandas Amazônicas, do pesquisador e mestre em Estudos Culturais, Jean Batista da Cunha. A obra literária, publicada pela Editora Appris, será lançada nesta quarta-feira (28/08), às 10h, no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, localizado na Avenida Silves, nº 2.220, no Distrito Industrial I.
No interior do Amazonas, as danças de cirandas se popularizaram e com apresentações públicas cada vez mais grandiosas viraram atração turística como, por exemplo, o Festival de Cirandas de Manacapuru. No livro, o autor manauara conta uma narrativa inspirada em relatos sobre o folguedo [festa popular de espírito lúdico] em torno da figura do carão, uma ave grande que lembra uma garça, e apresenta personagens que remetem às origens da ciranda no Estado com a vinda dos migrantes nordestinos para a região da Amazônia durante o ciclo da borracha.
Na obra Auto do Carão, a história é sobre um grupo de moradores de uma vila distante do município de Tefé, berço da ciranda no Amazonas. No enredo do livro, Seu Manelinho, o pescador; Seu Honorato, o rezador; Mãe Benta, a doceira; Constância, a debutante; e Valentim, o jovem galanteador, precisam lidar com um caçador forasteiro que chega à localidade e ameaça a vida da ave. Todos são personagens que trazem a identidade dos povos amazônicos, como o ribeirinho.
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O autor do livro, Jean Batista da Cunha, explicou que a ideia de escrever uma história folclórica voltada para o público infantil sobre uma das maiores manifestações culturais do Estado surgiu a partir de estudos para uma dissertação de mestrado sobre as cirandas amazônicas e após idealizar e executar o projeto Ciranda Viva no município de Iranduba, onde também é diretor de um escola pública. A meta do projeto era difundir e ensinar sobre as cirandas para os estudantes e atualmente evoluiu para espetáculos musicais nas unidades de ensino da rede estadual.
“O livro foi projetado no ano passado, nos meados de junho aproximadamente, e resgata uma história que tem dentro do contexto das cirandas. A história, como o nome já diz Auto do Carão: Folguedo das Cirandas Amazônicas, na dança da ciranda é contada em forma de atos. Cada coreografia é um personagem e ao final de todo o enredo tem o ápice da história do Auto do Carão. Dentro do livro, tem alguns personagens que são marcados na história [da dança de ciranda] e que ao falar-se os nomes as pessoas trazem dentro das suas experiências as memórias afetivas”, disse Jean Batista.
O pesquisador também informou que os atos das apresentações das danças de cirandas se transformaram em narrativa para a obra Auto do Carão.
“A história, que de acordo com o nosso primeiro ano de projeto [Ciranda Viva] foi resgatada com a pesquisa [sobre cirandas amazônicas], está colocada em um contexto que as pessoas que tiverem acesso ao livro vão entender do que se trata e quem são os personagens, qual é a essência deles”, afirmou Jean Batista da Cunha.
“E o mais importante desta obra é a questão da representação da identidade amazônica dentro das cirandas”, completou.
*Com informações da assessoria