A boxeadora argelina Imane Khelif conquistou a medalha de ouro na sexta-feira (9/8), na categoria até 66kg do boxe ao vencer a chinesa Liu Yang na final. Ela virou o centro de uma polêmica ao longo da competição, nos jogos olímpicos de Paris.
A participação dela nas Olimpíadas atraiu controvérsia desde o início. Tudo começou quando a Associação Internacional de Boxe (IBA) a excluiu do Mundial Amador de 2023. A IBA alegou que a atleta não atendia aos requisitos de elegibilidade para competir entre mulheres. No entando, a IBA não faz parte do COI (Comitê Olímpico Internacional), que liberou a atleta para competir nas Olimpíadas.
Desde a primeira vez que subiu ao ringue nas Olimpíadas, Imane escutou gritos de transfobia. A polêmica se intensificou em (1º/8) quando a lutadora italiana Angela Carini abandonou a luta contra Khelif após 46 segundos. A italiana depois veio a público, e explicou que o seu abandono não teve nada a ver com a situação envolvendo a adversária. Ainda assim, fake news envolvendo a argelina começaram a circular.
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No entanto, Imane Khelif não é uma mulher trans. Ela é mulher e foi criada como tal. Ela faz parte do grupo que pode ser considerado como “intersexo”: pessoas que nasceram com alguma variação hormonal que não se encaixa nas normas médicas para corpos do sexo feminino ou masculino.
Algumas pessoas com a condição intersexo têm órgãos genitais femininos, mas também apresentam cromossomos sexuais XY (que determinam o sexo masculino) e níveis de testosterona no sangue compatíveis com o corpo masculino.
Após a medalha de Khelif, o presidente do COI veio a público condenar manifestações de preconceito contra a atleta. Em entrevista, Thomas Bach afirmou:
“Essa não é uma questão de inclusão, é de justiça. Mulheres têm o direito de participar em competições femininas. Vi uma transcrição da entrevista coletiva dessa organização [referindo-se à IBA] e não estava claro nem que teste foi feito nem que resultados foram produzidos.
Não é mais tão fácil que XX e XY seja a clara distinção entre homem e mulher, isso cientificamente não é mais verdade. Portanto, elas duas são mulheres [referindo-se à luta da final olímpica] e têm o direito de participar de competições femininas”.
Com informações de Metrópoles.