Nesta quinta (1º/8),a boxeadora italiana Angela Carini desistiu com apenas 46 segundos de sua luta nas oitavas de final do boxe feminino até 66kg nas Olimpíadas de Paris. Ela estava enfrentando a argelina Imane Khelif, que foi reprovada em teste de gênero em campeonato mundial no ano passado, mas cumpriu os requisitos para os Jogos Olímpicos.
Veja o momento do abandono:
A italiana desistiu logo depois de ter levado um soco da adversária no nariz. O relógio ainda marcava 2min14s restantes no primeiro assalto. Assim que levou o golpe, a boxeadora de azul ergueu aos mãos e informou o abandono.
Após sofrer um primeiro golpe no rosto, segundos antes, a italiana já havia dito: “Não é justo, dói muito”. Segundo o jornal italiano Corriere Della Sera, o técnico Emanuele Renzini teria pedido para ela pelo menos terminar o primeiro round. O combate foi retomado, mas somente por mais dez segundos, até a desistência.
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Carini não cumprimentou a adversária após o anúncio do resultado e foi às lágrimas. Ela fugiu da tentativa de aproximação da rival e caiu de joelhos no ringue.
Posteriormente, a italiana falou ao Corriere Della Sera: Ela pediu desculpas por não ter cumprimentado a argelina e disse que não cabe a ela julgá-la. Carini disse:
“Sim, eu disse que não é justo. Não é certo desistir de uma Olimpíadas, mas não cabe a mim julgar. Não sou ninguém para julgar Imane. A verdade é que não sabemos nada sobre minha oponente, exceto por uma coisa: ela não tem culpa. Ela é uma mulher que está aqui para fazer as Olimpíadas, como eu. Quem sou eu para julgá-la? Não depende de mim, cabe aos outros fazê-lo.
Eu estava errada. Saí do ringue cheia de raiva. Nunca terminei uma partida sem cumprimentar minha adversária. Peço desculpas a Imane por não me despedir dela.
Eu senti aquele golpe, me machucou. Foi muito ruim, eu não conseguia mais respirar. Disse a mim mesma: ‘basta’. Eu nunca fui derrotada por nocaute e até hoje eu nunca tinha saído de um ringue antes do final da luta. Eu sou uma guerreira, mas às vezes até as guerreiras, quando veem que a batalha está perdida, enfiam suas espadas na terra e se rendem”.
A luta de Carini contra Khelif já tinha se tornado uma polêmica na Itália. Na véspera do duelo, a ministra Eugenia Roccella deu declarações preconceituosas e acusou Khelif de ser “um homem que se identifica como mulher”. No entanto, não há confirmação que ela seja uma atleta trans.
A IBA, entidade internacional do boxe, reprovou Khelif e divulgou nota na quarta (31/7), na qual afirmou que a argelina não foi submetida a um teste de testosterona, mas sim a um exame separado e reconhecido, cujas especificidades permanecem confidenciais. Tal teste indicou que não Khelif não atingiu os critérios necessários e que teria vantagens contra outras mulheres.
No entanto, o COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmou que todas as atletas que disputam os Jogos de Paris cumprem os regulamentos de elegibilidade. A entidade ressaltou que todas apresentam as condições médicas aplicáveis de acordo com as regras da Unidade de Boxe de Paris, que regulamenta a competição. Em seu site, Khelif consta como atleta mulher.
Com informações de UOL.