O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, expressou nesta terça-feira (30/07), críticas a algumas decisões da Corte que, segundo ele, prejudicaram o combate à corrupção no Brasil. As declarações foram feitas durante um evento da Academia Brasileira de Letras (ABL) no Rio de Janeiro (RJ), onde Barroso discutiu o papel da Justiça e a eficácia das decisões judiciais.
Barroso argumentou que algumas decisões controversas do STF têm atrasado a resolução de processos e, consequentemente, a prestação de contas à sociedade. Ele citou casos como a Operação Lava Jato, o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB) e a anulação de sentenças devido a depoimentos de delatores. O ministro destacou um caso específico em que o STF anulou o processo contra um dirigente de empresa estatal que desviou milhões, alegando que a decisão foi baseada em uma questão técnica sem impacto real.
“O Supremo anulou o processo contra um dirigente de empresa estatal que tinha desviado alguns milhões porque as alegações finais foram apresentadas pelos réus colaboradores e pelos réus não colaboradores na mesma data, sem que isso tivesse trazido nenhum prejuízo. Também acho que atrapalhou o enfrentamento à corrupção”,” afirmou Barroso.
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Apesar de suas discordâncias em alguns casos, o presidente do STF ressaltou que respeita opiniões divergentes e enfatizou que suas posições não foram predominantes em todas as decisões do tribunal.
Em contraste, Barroso também mencionou decisões que considera acertadas, como a equiparação do crime de homofobia ao de racismo, o reconhecimento da união homoafetiva, a permissão do aborto em casos de anencefalia e a liberação de pesquisas com células-tronco embrionárias. Para Barroso, a importância de um tribunal não deve ser medida por pesquisas de opinião pública, dada a diversidade de interesses e queixas na sociedade.
Com informações de Estadão Conteúdo