O futuro das águas cristalinas de Alter do Chão, conhecido como Caribe Amazônico, está ameaçado. Nos últimos dias imagens aéreas mostram a escuridão do Rio Tapajós, já na área do paradisíaco distrito de Santarém (Pará), e especialistas se apontam que os efeitos sejam sentidos em uma escala nacional e global.
Veja também:
COP26: Deputado defende o reconhecimento do povo amazônida como principal protetor da floresta
Lideranças indígenas criticam atuação de ONGs no Alto Rio Negro
Em entrevista à CNN Brasil, o pesquisador Tommaso Giarrizzo, coordenador do Grupo de Ecologia Aquática da Universidade Federal do Pará (UFPA), explicou que a água barrenta pode ser resultado de um “efeito cumulativo de impactos estão ocorrendo”, que vão desde de uma estação chuvosa até a modificação no solo em toda a bacia do Tapajós, incluindo desmatamento, mineração ilegal e agronegócio.
De acordo com o pesquisador, o conjunto das atividades gera uma erosão no solo da região, afetando todo o processo natural e acarreta na acumulação de sedimentos.
Para Tommaso Giarrizzo, o problema torna-se não apenas local, mas global, quando se considera o potencial tóxico do solo arrastado pelas chuvas até Alter do Chão e, posteriormente, às águas do mar.
Com isso, toxinas presentes nos processos citados podem chegar até os animais do rio e à população, prejudicando então, todo o meio ambiente.
Solicitação do Ministério Público Federal
Nesta sexta-feira (21), o Ministério Público Federal (MPF) solicitou que os órgãos ambientais informem quais medidas estão adotando para conter os danos ao rio Tapajós, no Pará.
Essas requisições foram encaminhadas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e para Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
O MPF enviou também solicitação à Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), para informar se há estudos sobre a turbidez das águas e sobre casos de contaminação por mercúrio na população humana e animal da região.
Na quinta-feira (20), o MPF encaminhou manifestação à Justiça Federal para alertar que o município de Santarém vem descumprindo sentença de 2019 que determinou a realização de exames de balneabilidade periódicos na região das praias do distrito de Alter do Chão.
O MPF pediu à Justiça que o município seja obrigado a apresentar imediatamente os resultados dos exames. Em setembro do ano passado, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) informou ao MPF que os exames seriam realizados naquele mês, mas desde então não apresentou os resultados, mesmo tendo sido cobrada.