O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou nesta segunda-feira (22/07) o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil”, destacando a omissão do poder público na morte de 1040 crianças indígenas de 0 a 4 anos em 2023. O estado do Amazonas apresenta o maior número de óbitos, totalizando 295, seguido por Roraima (179) e Mato Grosso (124).
Pela primeira vez, o Cimi incluiu dados de desassistência à saúde com base no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e na Secretaria de Saúde Indígena (Sesai). Isso resultou em um aumento significativo nos casos registrados em comparação com anos anteriores.
O relatório revela que a maioria das mortes infantis está relacionada à falta de ações efetivas de atenção à saúde, imunização, diagnóstico e tratamento adequados. Entre as principais causas de óbito, destacam-se:
- Doenças respiratórias: 141 crianças morreram vítimas de gripe ou pneumonia.
- Diarreia e gastroenterite: 88 óbitos foram causados por estas doenças infecciosas intestinais.
- Desnutrição: 57 crianças morreram devido à falta de alimentação adequada.
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Falta de infraestrutura e mudanças climáticas
O relatório do Cimi também destaca a escassez de infraestrutura para atendimento à saúde nas comunidades indígenas, agravada pela falta de saneamento básico e acesso à água potável. A mudança climática, com enchentes e severas estiagens na região amazônica, aumentou ainda mais a vulnerabilidade das aldeias.
Expectativas e realidade no governo Lula
O relatório também abordou as expectativas em torno da política indigenista no terceiro mandato do presidente Lula (PT). Em 2023, a situação crítica do povo Yanomami gerou comoção popular e levou o governo a decretar situação de Emergência Nacional de Saúde. No entanto, o relatório aponta que, apesar de algumas ações de fiscalização e repressão a invasões em territórios indígenas, as iniciativas de demarcação de terras e proteção das comunidades ainda são insuficientes.