Carolina Arruda, a moça de 27 anos que sofre de neuralgia do trigêmeo, considerada a “pior dor do mundo”, afirmou nesta terça (16/7) que não está sentindo dores após deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e retornar para um quarto da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais, onde está internada desde a semana passada para um novo tratamento que busca reduzir os sintomas.
O caso dela chamou a atenção nacional nas últimas semanas, quando foi divulgado que ela criou uma vaquinha virtual para angariar fundos para se submeter a um procedimento de eutanásia na Suíça, para aliviar seu sofrimento.
Ao site G1, Carolina declarou, sobre o fato de estar sem dor:
“É uma experiência inédita em mais de uma década da minha vida”.
Ela passou dias sedada, durante os quais dezenas de exames foram realizados para avaliar a condição e o tratamento a ser seguido por Carolina. Um exame de ressonância magnética também confirmou a origem da dor.
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O médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da unidade hospitalar no Sul de Minas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), se ofereceu para ajudar a jovem após a repercussão do caso. Ele afirmou:
“Esse tempo de sedação foi fundamental para que nossa equipe estudasse a fundo qual o melhor método de tratamento para a Carolina. Também foi fundamental para que ela descansasse bem. O tratamento teve o efeito desejado de alívio momentâneo da dor, mas fundamental para os próximos passos a serem realizados de maneira correta”.
Os detalhes do novo tratamento a ser seguido ainda estão sendo definidos antes de qualquer divulgação para a imprensa.
Na semana passada, Carolina foi levada para a UTI da Santa Casa de Alfenas, e afirmou que estava feliz em iniciar mais um tratamento que busca diminuir as dores constantes e intensas que ela sente desde os 16 anos de idade. “Confesso que senti uma faísca de esperança”, disse a estudante mineira na oportunidade, que também contou que o tratamento será gratuito.
Entenda o caso
A neuralgia do trigêmeo é uma dor provocada pelo nervo trigêmeo que se espalha internamente pelos dois lados da face. As causas da doença ainda não são conhecidas da ciência, mas a dor é considerada uma das mais intensas já registradas pela medicina.
Carolina Arruda é casada e tem uma filha, mas não tem condições de cuidar dela por causa da sua condição. Ela enfrenta a dor há 11 anos, e por causa disse decidiu apelar para uma eutanásia fora do país. Ela disse:
“A primeira dor veio quando estava sentada no sofá da casa da minha avó, tinha acabado de me recuperar de uma dengue. Era uma dor forte, fora do comum. Eu gritava e chorava. Tentei explicar o que era, mas não conseguia palavras porque nunca tinha sentido uma dor tão absurda. A princípio achei que seria uma dor de cabeça em decorrência da dengue”.
A doença levou quatro anos para ser diagnosticada. Desde então, Carolina já passou por vários procedimentos médicos, que não aliviaram o seu sofrimento.
Ao optar pela eutanásia, ela disse:
“Eu não aguento mais. A decisão de buscar a eutanásia foi tomada internamente há muito tempo. E, sim, eu penso em quem vai ficar, mas coloco na balança: as pessoas que me amam preferem lidar com meu sofrimento diário ou lidar com o sentimento da perda, sabendo que eu não estarei mais sofrendo? Não quero viver com dor o resto da vida.
Queria que refletissem com mais empatia. Tomar essa decisão não foi fácil e ela foi baseada em muitos tratamentos e experiências negativas, ouvindo de médicos que não tinham o que fazer. Peço um pouco mais de compaixão”.
Porém, recentemente ela afirmou que pode reconsiderar a eutanásia, a depender do resultado do novo tratamento.
O que é eutanásia?
A palavra eutanásia vem do grego “eu” (bem) e “thanásia” (morte). Significa “boa morte” ou “morte tranquila”. Em alguns países da Europa, como Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, e outros como Canadá e Colômbia, ela é permitida e regulamentada por lei. O paciente precisa comprovar medicamente condições para a realização do procedimento, como existência de doença incurável, sofrimento exacerbado e altos índices de dores.
No Brasil, a eutanásia e o suicídio assistido são proibidos. Aqui, quem colaborar com as práticas pode ser indiciado por homicídio doloso.
Com informações de G1.