O avião com Julian Assange, o ativista fundador do site WikiLeaks, pousou em Camberra, capital da Austrália, nesta quarta-feira (26/6). O australiano é agora um “homem livre” após um acordo com a Justiça dos EUA.
Após descer do avião, Assange acenou a apoiadores e se reencontrou com seu pai e com a sua esposa Stella. Veja abaixo:
Depois de 14 anos de batalha judicial, Assange foi libertado após acordo com a Justiça dos Estados Unidos, mediado por tribunais britânicos.
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Stella pediu privacidade para ele e para a família. Em entrevista a jornalistas nesta quarta, ela disse:
“Julian quer agradecer muito a todos. Ele gostaria de estar aqui, mas vocês precisam entender pelo que ele passou. Ele precisa de tempo. Peço que nos deem espaço e privacidade para achar o nosso lugar, para deixar a nossa família ser uma família antes de ele falar novamente sobre o assunto, no tempo que ele escolher”.
Ela também afirmou ter expectativa de que os EUA mudem a Lei de Espionagem e que haja pressão da imprensa para que seja emitido um perdão a Assange.
Entenda o caso: Quem é Julian Assange?
Ele é o ativista e fundador do WikiLeaks, que desde 2010 tem vazado documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e Afeganistão, no que foram consideradas as maiores violações de segurança desse tipo na história militar dos EUA.
Assange e o site receberam os documentos secretos por Chelsea Manning, uma ex-analista de inteligência militar dos EUA que também foi processada sob a Lei de Espionagem. O lote de mais de 700 mil documentos incluía cabos diplomáticos e relatos de batalhas, como um vídeo de 2007 de um helicóptero Apache dos EUA disparando contra supostos insurgentes no Iraque, matando uma dúzia de pessoas, incluindo dois funcionários da Reuters. Esse vídeo foi divulgado em 2010.
Outro material vazado por Assange era um vídeo que exibia soldados norte-americanos executando 18 civis de um helicóptero no Iraque.
Por causa disso, Assange começou a ser perseguido pelas autoridades norte-americanas. Ele passou sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas. Depois, foi conduzido à prisão de Belmarsh em 2019.
Assange foi indiciado durante o governo do ex-presidente Donald Trump pela liberação em massa de documentos secretos dos EUA. A intenção dos EUA era extraditá-lo para cumprir pena no país – e segundo a Justiça americana, ele poderia ser condenado a 175 anos de prisão. Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição. Porém, em dezembro, um recurso americano foi aceito, o que poderia abrir caminho para a extradição.
No início de 2022, os EUA chegaram a ter um novo pedido de extradição negado pela justiça do Reino Unido que alegou existir um risco de Assange cometer suicídio. Nesse meio tempo, sua esposa alertou na mídia sobre as condições debilitantes de saúde de Assange.
Ele finalmente acabou sendo julgado por tribunais britânicos, que mediaram o acordo que possibilitou sua libertação.
*Com informações de UOL