O ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, detalhou, em novos depoimentos de delação premiada, a execução do crime, no Rio de Janeiro, no dia 14 de março em 2018. O carro usado por ele era dirigido pelo ex-PM Élcio de Queiroz.
“Quando chegou [na esquina da Rua Joaquim Palhares com João Paulo I], o rapaz [Anderson Gomes] acelerava e até parecia que estava fugindo”, narrou
A dupla alcançou o carro de Marielle quando Anderson parou no semáforo. Lessa estava no banco traseiro armado com uma submetralhadora.
“Quando parou no sinal, nós paramos perto e eu disparei”. disse
Segundo Lessa, eles não haviam planejado uma rota de fuga. Élcio escolheu o caminho até o Méier, onde fica a casa da mãe de Lessa.
“Paramos próximo à casa da minha mãe. Eu tirei a bolsa (onde estava a submetralhadora), botei o cadeadinho e falei que iria deixar isso lá. Nós pegamos um táxi e voltamos [para o Bar Resenha]”.
Lessa diz que só descobriu que havia matado Anderson no bar, quando um garçom comentou sobre o crime.
“Vimos o jogo, bebemos. O garçom mostrou as fotos para gente e aí descobrimos que tinha mais uma pessoa morta. Até então eu não sabia. Não era a finalidade. A coisa ficou mais tensa”.
Na mesma noite, Lessa diz que se encontrou com o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, que hoje está preso.
“Pedi ajuda para destruir o carro no dia seguinte. Pedi para me levar até o Orelha, o que foi feito”
Lessa também contou aos policiais que já tinha “perdido a oportunidade” de matar Marielle em um bar no bairro Praça da Bandeira, no Rio.
“O Macalé [ex-PM, morto em 2021] não chegou a tempo. Ela estava sentada no bar, não sei como o Macalé soube disso, mas alguém que estava seguindo ela, provavelmente o Laerte, falou”.
Ele também demonstrou preocupação em ser identificado pela roupa usada no dia do crime.
“Eu botei uma balaclava e um casaco preto, que tinha duas fitinhas azuis muito fininhas, mas eu botava do lado avesso, ele ficava todo preto”.
Os depoimentos foram divulgados nesta sexta-feira (7/6) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o ministro Alexandre de Moraes retirar o sigilo das oitivas que ainda não tinham sido divulgadas.
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Os depoimentos completam a primeira parte da delação, liberada em março deste ano após a prisão dos envolvidos no crime. Lessa é um dos delatores do caso Marielle e apontou, em outros depoimentos, os irmãos Brazão como mandantes do assassinato.
Segundo o ex-policial, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), atuaram como mandantes do homicídio da vereadora. Todos estão presos.
*Com informações UOL