Há 30 anos o Brasil perdia um dos seus maiores esportistas: No domingo, 1º de maio de 1994, acontecia o Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1, no Autódromo Internacional Enzo e Dino Ferrari, em Ímola (Itália). Na sétima volta, precisamente às 9h13, pelo horário de Brasília, Ayrton Senna perdeu o controle da Williams que pilotava e bateu violentamente no muro da curva Tamburello. O choque foi fatal. O corpo do brasileiro foi levado de helicóptero para o Hospital Maggiore, em Bolonha, onde o piloto teve a morte anunciada, aos 34 anos.
Hoje, no Parco delle Acque Minerali, próximo ao circuito, onde ficava a Tamburello, uma escultura de bronze presta reverência a Senna. Inaugurada em 1º de maio de 2014, em festival que marcou os 20 anos da morte, ela é visitada por fãs de praticamente todos os países do mundo.
O piloto Cacá Bueno, pentacampeão da Stock Car, principal categoria do esporte a motor brasileiro, e filho do narrador Galvão Bueno, não somente o viu correr, como conviveu com o piloto na infância. Ele relembrou nesta data:
“Costumo falar que o Ayrton era o Brasil que dava certo. Todo domingo de manhã, nós acordávamos, esperávamos o Brasil dar certo [Senna ganhar a corrida], ele levantar a bandeira do Brasil, tocar a musiquinha [o ‘Tema da Vitória’, melodia que embalava os triunfos brasileiros nas transmissões de Fórmula 1] e aí a gente saía para fazer o que precisava. Com esse orgulho de ser brasileiro, essa lição de dedicação, o Ayrton impactou até gerações que não o viram correr”.
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Além de inspiração para muitos pilotos, Senna também deixou um legado de mais segurança no automobilismo: Por conta da sua morte, foram feitas muitas mudanças nas normas de segurança do esporte, que continuam em vigor. Felipe Massa, vice-campeão da Fórmula 1 em 2008 e atualmente piloto da Stock Car, falou:
“É só olhar que hoje o carro tem crash test [teste de resistência, em inglês], proteção lateral [para cabeça], o halo [estrutura em arco que fica acima do cockpit, que é a área onde fica o piloto]. Os autódromos são muito mais seguros. O piloto pode ficar mais tranquilo e as famílias também”.
Senna permanece como referência para uma nova geração de pilotos. Sete vezes campeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton afirmou, em diversas ocasiões, ter Senna como sua maior referência. No último dia 24 de março, quando o brasileiro faria 64 anos, o inglês fez uma publicação no Instagram em que se referia ao ídolo como seu herói. E ele não está sozinho. Outros pilotos da principal categoria do automobilismo já manifestaram serem fãs do brasileiro, como o monegasco Charles Leclerc e o francês Pierre Gasly.
Há exatos 30 anos, Ayrton Senna fazia a melhor primeira volta na história da F1!! Donington!! Inglaterra!! pic.twitter.com/9g7zfZ2T5x
— Galvão Bueno (@galvaobueno) April 11, 2023
E o Instituto Ayrton Senna, fundado em novembro de 1994, permanece como uma das principais organizações não-governamental (ONG) do Brasil, atuando junto à educação de crianças e adolescentes do país. Conforme o último relatório divulgado, referente a 2022, mais de 36 milhões de estudantes e cerca de 200 mil educadores foram atendidos desde a criação da entidade. O instituto era um sonho do piloto, tornado realidade após sua morte.
O interesse pela vida e feitos de Ayrton Senna também permanece vivo e despertando interesse de produtores de cinema e streaming: Será lançada ainda neste ano a minissérie “Senna” na Netflix, que vai dramatizar a carreira do piloto, interpretado pelo ator Gabriel Leone.
Veja os números da carreira de Senna:
- Equipes: Toleman, Lotus, McLaren, Williams
- Títulos: 3 (1988, 1990, 1991)
- Vice-campeonatos: 2 (1989, 1993)
- Vitórias: 41
- GPs: 161
- Temporadas: 11 (de 1984 a 1994)
- Poles positions: 65
- Pódios: 80
- Pontos: 614
- Voltas mais rápidas: 19
- Abandonos: 60
- Voltas lideradas: 2931 voltas
- Hat-trick (pole, vitória e volta mais rápida): 7
- Grand slam (pole, volta mais rápida e vitória de ponta a ponta): 4.
Cinco recordes da carreira dele ainda não foram quebrados na Fórmula 1:
- Rei de Mônaco: Ainda é o maior vencedor do icônico GP, tendo ganhado lá seis vezes.
- Vitórias consecutivas de um mesmo GP: Senna venceu em Mônaco cinco vezes consecutivas, entre 1989 e 1993. Lewis Hamilton divide esse recorde com ele, ganhou cinco vezes seguidas o GP da Espanha (entre 2017 e 2021).
- Oito pole positions consecutivas.
- Poles consecutivas de um mesmo GP: Senna saiu na frente sete vezes seguidas no GP de Ímola, em San Marino, entre 1985 e 1991.
- Recorde de largadas consecutivas na primeira fila: O brasileiro esteve entre 1º ou 2º lugar numa sequência de 24 corridas (da Alemanha, em 1988, até a Austrália, em 1989). Hamilton foi quem mais se aproximou do ídolo (20 vezes —entre o GP da Bélgica, em 2014, ao GP da Itália, em 2015).
Com informações de Agência Brasil e UOL.