Em Manaus para apoiar pré-candidatos do Partido Liberal (PL), o ex-presidenciável Padre Kelmon (PRTB) afirmou, nesta quinta-feira (04/04), no programa Lomittas Tá On, da Rede Onda Digital, que é adepto da “política cristocêntrica”. Ele também defendeu o amigo e ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que está preso desde outubro de 2022 por atirar em policiais federais.
O religioso baiano vai concorrer à prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano e garante que terá Jesus Cristo como referência na gestão municipal, caso seja eleito. A chamada “política cristocêntrica”.
“É uma política do enxergar o outro como um objeto pelo qual me leva a fazer política: servir. A política cristocêntrica é colocar Jesus Cristo como sua referência de ação política. Vou fazer política baseando-me naquilo que Cristo fez. Vou ter um exemplo e referência para as minhas ações, que é o Cristo”, disse Kelmon.
Ainda durante o programa, Padre Kelmon relembrou a tensa situação vivida no dia 23 de outubro de 2022, quando Roberto Jefferson disparou 50 tiros de fuzil contra uma equipe da Polícia Federal, que cumpria um mandado de busca e apreensão na casa do ex-deputado em Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro.
Ele afirmou que o amigo estava “fora de si” e que “surtou” por estar sofrendo pressões psicológicas há algum tempo. Na ocasião, Padre Kelmon ajudou a negociar a rendição de Roberto Jefferson e disse que salvou a vida do aliado político .
“Conseguimos poupar a vida dele. Porque naquele dia a vida dele ia ser ceifada [pelos policiais federais]”, garantiu.
O religioso lembrou que quando entrou na residência de Jefferson, acompanhado de um pastor, para o persuadir a se entregar à PF, o ex-parlamentar estava com um fuzil em mãos e munido de “balas até o fio do cabelo”.
“Olha, o Roberto Jefferson já estava passando por uma série de provocações e de perseguições psicológicas. E o estado de ânimo e psicológico dele naquele momento, em que aconteceu aqueles tiros, não era mais normal. Roberto estava fora de si”, afirmou Kelmon.
O pré-candidato à prefeitura de São Paulo disse que demorou uma hora para convencer Roberto Jefferson a se render.
“Passamos um tempão conversando sobre projetos do Brasil e tudo que ele nos disse. Todos os projetos que tínhamos [para o governo] e que isso tudo estava sendo jogado na lata do lixo e que nós defendemos a vida”, lembrou Padre Kelmon.
Kelmon revelou que ainda precisou rezar e cantar louvores com Roberto Jefferson antes do ex-deputado se entregar à PF. E apesar do “surto” do aliado político, o religioso garante que isso em nada prejudicou sua percepção sobre o ex-deputado.
“O Roberto Jefferson é um homem bom. É um homem que trouxe à tona toda a problemática do mensalão. É bom ser justo. Foi preso porque estava envolvido [no esquema de corrupção]; ficou dois anos preso; e pagou na pele a sua participação no mundo errado. Depois voltou e começou uma caminhada cristã e por isso aceitei ficar ao lado dele ”, afirmou Padre Kelmon, que foi criticado por outros religiosos pela aproximação com Jefferson.
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Religião e política
No programa Lomittas Tá On, Padre Kelmonu contou também sobre sua trajetória religiosa e política. Natural de Salvador, na Bahia, ele afirmou que pratica o sacerdócio pela Igreja Católica Apostólica Ortodoxa e que foi seminarista por dez anos no Seminário Maria Mater Ecclesiae, no interior de São Paulo.
Em 2019, Padre Kelmon iniciou a vida política a convite do ex-deputado federal Roberto Jefferson. No ano seguinte, em 2020, ele se filiou ao PTB e ajudou a legenda a ser mais conservadora ao trazer religiosos e trabalhar com a juventude.
“No meio de 2020, criamos o Movimento Cristão Conservador (MCC) para aglutinar no partido pastores e padres. Todo mundo junto para fazer um trabalho mais conservador e tal. Defender a vida, a família, a liberdade e tal”, disse.
Em julho de 2022, Padre Kelmon estava em Recife ministrando uma palestra quando recebeu a proposta do amigo Roberto Jefferson para ser o vice dele na chapa do PTB para concorrer à presidência da República nas eleições. Mas, no início, o sacerdote resistiu à ideia de disputar um cargo na política.
“[Disse na época] Não quero concorrer a cargo eletivo. A minha função no partido é colaborar com essa transformação interna. Não quero me expor”, afirmou Kelmon.
Porém, com a candidatura de Roberto Jefferson, então presidente do PTB, indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Padre Kelmon foi lançado como o presidenciável da chapa. Na campanha, em 2022, o religioso ganhou fama pelas dobradinhas em debates com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava à reeleição, e pelos ataques contra a esquerda e o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Confira na íntegra a entrevista com o Padre Kelmon: