A Polícia Federal (PF) indiciou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) no inquérito sobre invasões nos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o objetivo de inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e 11 alvarás de soltura falsos. O hacker envolvido no caso, Walter Delgatti Neto, também foi indiciado no inquérito. Segundo a investigação, Zambelli teria pagado R$ 40 mil para que ele invadisse o sistema do CNJ e inserisse os mandados de prisão falsos.
O próximo passo é o encaminhamento do relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá a responsabilidade de deliberar sobre a possibilidade de apresentar ou não denúncia contra a deputada.
Em nota, a defesa de Zambelli classificou a conclusão da PF como “arbitrária”. “A interpretação deduzida pela autoridade policial asseverando que a deputada tenha recebido eventualmente documentos não evidencia adesão ou qualquer tipo de colaboração, ainda mais que ficou demonstrado que não houve qualquer encaminhamento a terceiros, bem como ficou igualmente comprovado que incorreram repasses de valores como aleivosamente sugestionado por aquele”, afirmou.
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Já a defesa de Delgatti informou que não foi surpreendida pela decisão da Polícia Federal.
“Desde sua prisão, Walter confessa sua participação na invasão da plataforma do CNJ. O indiciamento de Carla Zambelli confirma que Walter, a todo momento, colaborou com a justiça, levando a PF até a mandante e financiadora dos atos perpetrados por ele”, informou o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, acrescentando que pretende fazer um novo pedido de revogação da prisão cautelar de Delgatti.
Relembre o caso
A deputada e o hacker foram alvo de uma operação da PF em agosto de 2023. Na época, Zambelli negou ter contratado Delgatti para fazer trabalhos criminosos e afirmou que os pagamentos feitos a ele se referem a serviços que ela contratou para o seu site, pelo valor de R$ 3 mil.
Delgatti ficou conhecido pelo episódio da “Vaza Jato”, quando invadiu telefones de autoridades envolvidas com a Operação Lava Jato e vazou conversas entre integrantes da força-tarefa. Em depoimento à PF, ele disse que Zambelli o teria contratado pelo valor de R$ 40 mil para fraudar urnas eletrônicas e inserir um mandado de prisão contra Moraes no sistema do CNJ.
A deputada também admitiu à PF que mediou um encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o hacker. No entanto, a parlamentar inocentou Bolsonaro de qualquer ligação criminosa com Delgatti.