O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira (26/02), que o Brasil não pode “baixar a guarda” e “dar uma de Bambam contra Popó” na defesa da democracia, pregando o fortalecimento das instituições.
A fala foi uma referência à luta entre o ex-BBB e o pugilista. A declaração foi dada durante discurso que abriu o ano letivo na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, onde o ministro se formou.
⚖️ Após ato bolsonarista, Moraes frisa que é preciso “fortalecer a democracia”: “não podemos baixar a guarda, dar uma de Bambam contra Popó” pic.twitter.com/URd4yKUcQQ
— Camarote da República (@camarotedacpi) February 26, 2024
Moraes falou sobre ataques à democracia no mundo todo. Ele reforçou que o problema é um “fenômeno mundial de corrosão à democracia”, e não algo que acontece apenas no Brasil. Ele também explicou que as investidas hoje começam de dentro para fora do sistema.
“Infelizmente [o mecanismo dos ataques] foi subestimado e, em alguns momentos, foi ridicularizado. Só que tinha método”.
Leia mais:
Dino estreia no STF com voto sobre repercussão geral na uberização
Tarcísio e Malafaia falam em ato de apoio a Bolsonaro; pastor critica STF
‘Manual do ditador’ inclui ataques à imprensa e às eleições, diz Moraes. Segundo o ministro, extremistas de todo o mundo seguem a mesma cartilha, visando descredibilizar e atingir os três pilares da democracia: a mídia, o processo eleitoral e a independência do Judiciário. “Foi o que foi feito no Brasil — um ataque frontal”, disse Moraes, citando as chamadas “milícias digitais”.
“Esses três pilares [imprensa, eleições e Judiciário] resistiram no mundo todo, mas foram abalados. Nós não podemos nos enganar, não podemos baixar a guarda, não podemos dar uma de Bambam contra Popó — que durou 36 segundos. Nós temos que ficar alertas e fortalecer a democracia, fortalecer as instituições”, disse o ministro Alexandre de Moraes, em discurso.
Para o magistrado, ataques ao Judiciário foram ‘amplificados’ no Brasil. Isso aconteceu, na visão de Moraes, porque existe a Justiça Eleitoral.
“É o Poder Judiciário, por meio da Justiça Eleitoral, que organiza, realiza, administra e julga as eleições. Então, o inimigo do segundo e do terceiro pilares da democracia, para o populismo extremista, era o mesmo. E os canhões foram direcionados para isso”, afirmou.
Moraes ainda defendeu a regulamentação das redes sociais. Atualmente, tramita no Congresso um projeto de lei — conhecido como “PL das Fake News” — sobre o tema.
“Não podemos cair nesse discurso fácil de que regulamentar as redes sociais é ser contra a liberdade de expressão. Isso é um discurso mentiroso e pretende propagar e continuar propagando o discurso de ódio”, completou o ministro.
As falas vêm um dia após ataques de Silas Malafaia ao STF. No domingo (25/02), durante ato pró-Bolsonaro, que reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente na avenida Paulista, o pastor fez críticas diretas a Moraes e também ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso.
“Como o ministro [Moraes] tem lado? Ele não tem que combater nem a extrema direita, nem a extrema esquerda. Ele é guardião da Constituição”, defendeu Malafaia.