Lívia Gabriele da Silva Matos, de 19, que morreu na noite de terça-feira (30/01) durante um encontro no apartamento do jogador de futebol Dimas Cândido de Oliveira Filho, 18, do sub-20 do Corinthians, sofreu um rompimento da bolsa de Douglas (membrana localizada na parte de baixo do abdômen, entre o útero e o reto), é o que aponta o atestado de óbito da jovem.
O documento cita que houve “rutura [sinônimo de ruptura] de fundo de saco de Douglas com extensão à parede vaginal esquerda”. Saco de Douglas é o nome dado a uma região genital que fica na parte baixa do abdômen entre o útero e o reto.
De acordo com o advogado da família da estudante de enfermagem, Alfredo Porcer “essa ruptura não se dá, normalmente, por ato sexual. Ela se rompe em determinadas situações, por exemplo, se a pessoa tem endometriose, se for um sexo violento, um sexo mais forte, introdução de algum objeto ou fissura abdominal por cirurgia anterior”, afirmou.
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O advogado também mencionou que durante o contato inicial com o profissional de educação física que acompanhava Matos, não foram identificadas cirurgias anteriores ou problemas de saúde. Ele enfatizou a necessidade de aguardar os resultados do IML (Instituto Médico Legal) e dos exames toxicológicos para obter conclusões mais claras.
Além disso, Porcer afirmou que solicitará à Justiça acesso às mensagens trocadas entre a estudante e o jogador, bem como às imagens das câmeras de segurança do prédio onde o atleta reside.
“A Lívia foi para o apartamento, mas sabia que ia ter relação sexual? Ela foi forçada a ter relação sexual? Teve mais alguém junto? Colocaram um objeto nela? É aí o ponto central para saber se tem nexo de causalidade entre a conduta do jogador com o resultado, aí seria imputado a ele um dolo eventual talvez”, explicou, dizendo que ainda restam muitas perguntas a serem respondidas.
Já o advogado Tiago Lenoir, representante do atleta da base do Corinthians, disse que não teve acesso ao atestado de óbito.
“Eu prefiro me ater aos resultados técnicos científicos para chegar a qualquer conclusão. Qualquer outra conclusão, que não seja divulgada pelos exames de necropsia e perícia de local, seria prematura”, declarou.
Durante o funeral, realizado no início da tarde desta quinta-feira (1º/02) no Cemitério Vila Alpina, em São Paulo, familiares e amigos se despediram da jovem com um minuto de silêncio. Cantaram o hino corintiano, time do qual era torcedora, e a aplaudiram. Ninguém quis conceder entrevista.
De acordo com o boletim de ocorrência, o jogador declarou à polícia que não usaram drogas nem bebida alcoólica e que mantiveram relações sexuais sem uso de qualquer objeto.
*Com informações da Folha e G1