Uma das principais indagações acerca do processo eleitoral que culminará na definição das chapas que vão concorrer à Prefeitura de Manaus neste ano, está a oficialização – ou não – do apoio do governador Wilson Lima (União Brasil) à reeleição de David Almeida (Avante).
A reportagem do Portal Onda Digital entrevistou o analista político Helso do Carmo para que ele pudesse avaliar este cenário que pode culminar na ‘rachadura’ das principais lideranças políticas do Amazonas, hoje.
O analista destaca que, apesar de hoje caminharem juntos, Wilson e David “não são parceiros históricos” e que a parceria “republicana” é bem vista aos olhos da população.
“É bom lembrar que um chegou a ser adversário do outro. Eles não são parceiros históricos. Primeiro que o Wilson Lima tem quatro/seis anos, digamos assim, de história política. David Almeida tem mais. E aí, quando Wilson ganha as eleições e, posteriormente, David é eleito, eles fazem uma parceria que eu acho que é republicana. Isso não quer dizer que terão afinidades ideológicas, mas parcerias na execução de trabalhos, o que eu acho interessante e a população sempre bate palmas’, destaca o analista.
Esta parceria entre o governador do Amazonas e o prefeito de Manaus se tornou mais forte em outubro de 2021, quando eles firmaram convênios com investimentos para Manaus nas áreas de infraestrutura, mobilidade urbana, turismo, meio ambiente e desenvolvimento econômico. Até o momento, o Governo já investiu mais de R$ 850 milhões.
No entanto, paira no ar a possibilidade de uma ruptura – pelo menos na parte política – entre os dois pelo não-alinhamento dos partidos em relação à formação da chapa majoritária para as eleições municipais. Helso pontua que as articulações podem envolver nomes, inclusive, que nem estejam diretamente na mídia e que sejam associadas ao governador como um provável nome neste processo.
“O Tadeu [de Souza/Avante], que é o vice governador, foi tirado do bolso do colete do David Almeida, né? Era alguém ali de bastidor e o Wilson Lima aceitou. Tem nomes que eu ouço falar nos bastidores, que seriam ligados a Wilson Lima, que poderiam ser candidatos também e que hoje não são filiados”, revelou.
Helso também comentou sobre uma possível ‘cobrança’ por parte do prefeito pelo apoio declarado do governador à sua reeleição, vide que ele diz ter ajudado Wilson a ser reconduzido ao cargo em 2022.
“Eu não sei até que ponto a participação do David Almeida foi de extrema relevância para a reeleição do Wilson Lima. Isso a gente não tem como medir. Isso é só especulação. O retorno talvez seja o mesmo”, ponderou.
Novos ‘caciques’ da política amazonense
A reportagem do Onda Digital questionou o analista em como ele enxerga a ‘desidratação’ de nomes que já foram considerados fortes na política amazonense e que, hoje, são substituídos por aqueles, como Wilson e David, que se apresentaram como o “novo” em suas estreias na vida pública.
“Respondo parafraseando Belchior: ‘o novo sempre vem’. Eu diria que a vida útil de um político é de, em média, 15 a 20 anos, tornando-se aquele nome tradicional que o ‘novo’ chega e substitui. Isso faz parte da política mundial. A renovação se dá. É a vida. Então, estes velhos nomes do passado, se forem espertos, caem fora antes do ocaso. Senão, vão ver que o tempo chega e a população vai esquecendo ou escolhendo outros”, disse.
Helso ainda destacou que, hoje, por serem donos das canetas do Executivo Estadual e Municipal, respectivamente, Wilson e David veem muitos interessados em estarem em suas órbitas o que os gabarita sim como os novos líderes políticos do Estado.