Dois poetas foram condenados pelo tribunal de Moscou, nesta quinta-feira (28/12), por recitarem versos contra a Guerra da Ucrânia. Artyom Kamardin, de 33 anos, e Yegor Shtovba, de 23, foram condenados a sete e cincos e anos e meio, respectivamente.
A acusação é de que os dois teriam recitado conteúdo que incitava o ódio e colocava em risco a segurança nacional, em 2002, em uma praça de Moscou, logo após o presidente russo, Vladimir Putin, convocar 300 mil reservistas ao conflito.
Kamardin acusou os policiais de abusarem dele e disse ter sido obrigado a gravar um vídeo pedindo desculpas. Pouco depois da prisão, o vídeo foi divulgado por veículos jornalísticos pró-governo o mostrava com o rosto machucado e pedindo desculpas. Não houve investigação sobre a ação policial.
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Antes de ser sentenciado, um sorridente Kamarin recitou outro poema em que classificava a poesia como algo “dilacerante” e frequentemente malquisto por “pessoas acostumadas à ordem”.
Antes, em um canal no Telegram, o ativista escreveu que não era um herói.
“Ir para a prisão por causa das minhas convicções nunca esteve nos meus planos,” citou.
Clemência
Kamardin pediu clemência ao juiz e afirmou que não sabia da ilegalidade de suas ações. Já Shtovba também insistiu na sua inocência.
“O que eu fiz de ilegal? Ler poesia?” O rapaz também se contou à mãe: “Mãe, sei que você, mais que ninguém, acredita na minha inocência. […] Sinto muito por como as coisas aconteceram, [por] deixar você e o papai sozinhos.”
De acordo com aas informações da agência AFP, após a leitura da sentença, parte da plateia reagiu aos gritos de “vergonha!”; alguns foram posteriormente detidos pela polícia fora do prédio do tribunal.
*com informações DW