Após as reações de descontentamento dos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) à aprovação da PEC, no Senado, que limita as decisões monocráticas da Corte, o presidente Lula sinalizou a ministros, na noite desta quinta-feira (24/11), que deve acatar as sugestões de indicação de Flávio Dino para a vaga deixada por Rosa Weber. Paulo Gonet deve ir para a Procuradoria-Geral da República.
A indicação de ambos é vista como uma forma de apaziguar os ânimos com o Supremo em meio à crise gerada pelo Congresso. A base do PT rejeita ambos por entender que isso aumentaria, ainda mais, o poder de atuação do Tribunal.
Segundo o jornal O Globo, Lula ofereceu um jantar no Palácio do Planalto aos ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Alexandre Zanin. Participaram também do encontro o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
De acordo com relatos de participantes, a conversa durou aproximadamente duas horas, na residência presidencial. Lula teria sinalizado sobre as possíveis indicações de Dino e Gonet em um “futuro próximo”.
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Ainda segundo a reportagem, os ministros teceram críticas quanto a atuação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), durante a votação da PEC. Eles externaram a Lula que o voto do senador era um sinal de que o próprio Palácio tinha endossado a proposta. Lula, por sua vez, disse que também foi “pego de surpresa” com a decisão do colega de partido.
Ao longo da quinta-feira, ministros do Supremo enviaram recados ao Planalto, sugerindo que foram “traídos” pelo Poder Executivo, ainda mais depois de estarem sensíveis com os atos de 8 de janeiro. Havia uma insatisfação na Corte por entendimento de que concedeu medidas favoráveis ao governo Lula, mas o Poder Executivo não vinha sendo recíproco ao Supremo.
Além disso, durante as conversas de ontem, os ministros reafirmaram que o governo Lula tem problemas sérios de articulação política. O próprio presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, vinha dando sinais de falhas na interlocução do Supremo com o Planalto.