O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a empresa israelense Cognyte informe os órgãos brasileiros que utilizaram o “First Mile”. A ferramenta foi usada por funcionários da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para um esquema de rastreamento ilegal durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a reportagem do jornal O Globo, a Polícia Federal deve investigar todos os órgãos, além da Abin, que utilizaram de forma ilegal o sistema de espionagem que possibilita o monitoramento de pessoas sem autorização judicial.
Em 20 de outubro, investigadores afirmam que a agência de inteligência brasileira monitorou ilegalmente jornalistas, políticos e ministros do STF. A rede de telefonia brasileira teria sido invadida mais de uma vez, com o uso do sistema de geolocalização da Abin adquirido com recursos públicos. O “First Mile” é um sistema que, com um número de telefone, possibilita a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho.
Ainda segundo a PF, a Abin teria realizado cerca de 1.800 acessos, entre eles, os ex-deputados Jean Wyllys (PT) e David Miranda, além de um servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Um dos monitorados pela agência de inteligência foi o analista ambiental Hugo Ferreira Netto Loss, então coordenador de Operações de Fiscalização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O servidor foi exonerado do cargo, em abril de 2020, após encabeçar operações contra garimpeiros e madeireiros ilegais na Amazônia.
No último dia 20, a PF realizou uma operação para cumprir dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão contra o monitoramento ilegal. Em um dos locais, foram encontradas evidências de que o Exército Brasileiro utilizou o “First Mile”. A corporação adquiriu a ferramenta da Cognyte durante a intervenção federal na segurança pública do Rio.