A Polícia Federal (PF) deflagou nesta sexta, 20, a operação Última Milha, para investigar uso irregular de sistema de monitoramento de celulares por servidores da Abin (Associação Brasileira de Inteligência).
A suspeita é de que jornalistas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tenham tido seus celulares monitorados, e o uso ilegal desse sistema teria ocorrido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
São cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro estados (São Paulo, Goiás, Santa Catarina e Paraná), além do Distrito Federal. Dois servidores da Abin foram presos.
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Segundo o jornal O Globo, um dos alvos da operação foi Caio Cesar dos Santos Cruz, filho do general da reserva e ex-ministro do governo Bolsonaro Carlos Alberto Santos Cruz. Segundo o jornal, ele foi representante da empresa que vendeu o sistema para a Abin.
Por causa da operação, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou hoje o afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto, atual número 3 da Abin, e também de outros quatro servidores da agência. Fortunato Pinto atuou no governo Bolsonaro como diretor de Operações de Inteligência da agência.
De acordo com a investigação da PF, o sistema israelense FirstMile foi adquirido pela Abin na gestão Michel Temer por R$ 5,7 milhões, sem licitação. O software oferecia à agência a possibilidade de identificar a localização da área aproximada de aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G. Ele teria sido usado sem autorização da Justiça por uma “central bolsonarista” na agência para localizar pessoas entre 2019 e 2021, quando o sistema deixou de ser usado.
Suspeita-se que o sistema tenha sido usado neste período para invadir “reiteradas vezes” a rede de telefonia e acessar os dados de localização dos alvos.