Na terça, 3, aconteceu um fato inédito na história política dos Estados Unidos: A Câmara dos Deputados destituiu o seu presidente, o deputado republicano Kevin McCarthy. Essa é a primeira vez que um presidente da Câmara é deposto por meio da aprovação de uma resolução para isso.
O placar da votação foi de de 216 votos favoráveis e 210 contrários, com oito republicanos votando para remover McCarthy do cargo. O partido republicano tem maioria na casa.
O também republicano Patrick McHenry assumiu interinamente a presidência da casa, que está travada enquanto os parlamentares não realizam uma nova votação.
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A maioria republicana, dividida internamente, já começou a tentar reunir indicações para a presidência. Um nome que tem sido aventado, com uma certa surpresa, é o do ex-presidente Donald Trump. Ele teve o nome citado por alguns deputados republicanos que defenderam sua nomeação como presidente da Casa ainda em 2023. Deputados como Troy Nehls, do Texas, e Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, foram às redes sociais defender que o bilionário e ex-presidente é o candidato ideal para unir as diferentes facções do partido em torno de uma candidatura.
Greene postou no X (antigo Twitter):
“O único candidato para presidente [da Câmara] que eu apoio atualmente é o presidente Donald Trump. Ele vai acabar com a guerra na Ucrânia. Ele vai proteger a fronteira. Ele vai acabar com o uso político do governo. Ele vai fazer a energia da América livre novamente. Ele vai aprovar uma lei para parar com cirurgias de mudança de gênero em crianças e manter homens fora dos esportes femininos. Ele vai apoiar nossos militares e nossa polícia. E muito mais!”.
Trump, em tese, realmente poderia ser eleito presidente da Câmara. De acordo com a Constituição americana, a posição de House Speaker (o equivalente a presidente da Câmara no Brasil) não precisa ser ocupada por um membro eleito da Casa Legislativa. Caso fosse indicado pelos deputados e recebesse o número mínimo de votos necessários, o ex-presidente assumiria o cargo.
Porém, em mais de 230 anos da República norte-americana, a Câmara nunca foi presidida por um representante que não fosse um deputado eleito. Não há precedentes para orientar sobre quóruns de votações ou procedimentos.
Em matéria publicada nesta quarta, a revista Newsweek avalia como pequenas as chances de Trump assumir o cargo. No momento, o ex-presidente é o favorito para assumir a indicação republicana para a eleição presidencial de 2024, mesmo respondendo a quatro processos na Justiça, em diferentes estados. Os processos ameaçam patrimônios de Trump e até a sua própria candidatura.