O relator da CPI do MST, Ricardo Salles (PL-SP), retirou do texto do relatório final o pedido de indiciamento do colega de comissão Valmir Assunção (PT-BA). Salles solicitou o indiciamento de outras dez pessoas, incluindo o General Gonçalves Dias, o G.Dias, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e José Rainha, liderança sem-terra.
O relatório chama de “facções criminosas” os movimentos agrários investigados. No entanto, o nome de Assunção ficou de fora dos pedidos de indiciamento. Durante a CPI, Assunção foi apontado como líder do MST na Bahia e foi acusado de usar os assentados como “massa de manobra” para fins eleitorais.
A primeira versão do relatório incluía o pedido de indiciamento de Assunção. Porém, lideranças políticas fizeram chegar à cúpula da CPI que o texto seria rejeitado se o petista fosse mantido no relatório.
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Mesmo assim, há sérias chances de o relatório não ser aprovado. Ao longo do tempo, a oposição tinha maioria na CPI, mas perdeu o controle. O Centrão mudou os indicados, e deputados alinhados ao governo assumiram o lugar de opositores. A conduta de Salles, acusado de usar a CPI para se autopromover, também provocou descontentamento entre os deputados oposicionistas.
A votação do relatório está marcada para a próxima terça, 26, e a aprovação é uma incógnita. Existia resistências dos deputados em votar a favor de um texto que criminalizava um companheiro de Câmara e de CPI. Oposição e governistas teriam 13 votos cada um, e por causa desses empates, as solicitações de convocação para depoimentos foram reprovadas.
Além disso, governistas confeccionaram um relatório paralelo. Ele não criminaliza os movimentos sociais e não deve ser votado, mas ficará “para os registros históricos da Câmara”, afirmou a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), autora do documento.
No seu relatório, Salles faz elogios ao governo Jair Bolsonaro – de quem foi ministro do Meio Ambiente e ficou famoso pela expressão “passar a boiada” ao propor afrouxar a legislação ambiental no período de pandemia de Covid. Também criticou o governo Lula e diz que o agronegócio “preserva o meio ambiente”.